XXXI
FESTIVAL CULTURAL DE QUADRILHAS JUNINAS DE VALENÇA DO PIAUÍ
A cultura de uma cidade é construída ao longo dos anos pelo
próprio povo, levando em conta os ensinamentos e vivências de seus ancestrais,
que por sua vez herdaram também os conhecimentos de seus antepassados. Todo
este saber se imbrica na memória e se
esvai pelas mentes dos guardiões da cultura para no momento certo delinear as boas lembranças de um
passado, ora distante, mas ora tão
próximo, cuja dicotomia não dificulta
entrelaçar o saber entre daqueles que
são levados pela sensibilidade de ascender nas gerações em formação um olhar
diferente para um tempo que virou saudade no contexto histórico da própria
cidade. Estes guardiãos de conhecimentos
e/ou griôs como também podem ser codinominados, transformam em tradição
estes momentos sublimes de onde viveram ou onde vivem ainda, levando em conta a
sociedade local sem distinção social, porque cada caso é diferente do outro e
cada grupo social viveu ou ainda vive sua história conforme seu próprio padrão sócio
financeiro. E como a cultura é de todos, jamais poderá se omitir de registrar as manifestações
de um povo ocorridas numa cidade. E como
dia Antonio Novoa: A moeda tem sempre dois lados.
Em Valença do Piauí,
não é diferente, o que dificulta são os registros escritos. Daí, a necessidade
do recorte temporal e histórico, e
buscar tambem informações através da metodologia da História memória,
para conseguir informações na tentativa
de transformar em texto os dizeres, os fazeres, a cotidianidade do povo num
período de suas vivências especificamente no mês de junho, onde ocorriam as
manifestações dos três Santos Católicos: Santo Antônio, dia 13; São João, dia
24; São Pedro, dia 29. Outra dificuldade foi a fragmentação da área territorial
da cidade de Valença, porque temos uma Valença até 1954 cuja área territorial
agregava os 14 municípios que formam atualmente o Território do Vale do Sambito
e a partir daquele ano ocorreram os
desmembramentos formando novas cidades. Daí ser difícil dar uma noção geral das festas juninas na Valença
do Piauí, anterior a este período, até que seria muito bom. Neste caso as
informações serão dadas, conforme dados fornecidas, até o ano de 1988, porque
em 1989, quando ocorreu o 1º Festival de Quadrilhas, na gestão do Prefeito
Francisco Alcântara, a Profª Ineide Lima Verde(Secretária de Educação e
Cultura, na época), criou o 1º Festival de Quadrilhas Juninas de Valença do
Piauí, promovido pela Prefeitura Municipal,
onde teve a preocupação de fazer uma ficha de inscrição, e arquivar para
ficar registrado na História da cidade este grande acontecimentos atrelado as
manifestações juninas em nossa cidade.
Seguindo a tradição ancestral, aqui aconteciam comemorações oriundas da Terra Lusa, trazidas pelos
primeiros colonos que aqui se estabaleceram dentre elas as manifestações
juninas que ocorriam anualmente como
festa da fertilidade, em sinal de agradecimento as divindades pela boa
colheita, cuja simbologia se resumia numa fogueira em frente a casa, uma árvore
fincada, ou mesmo um mastro numa peça de madeira escolhida entre as mais altas
da redondeza, no topo era colocado uma mastro com a imagem do Santo
Homenageado, São João era o mais preferido. Como era difícil a estampa do
Santo, geralmente um tecido branco ou de cor clara para substituir. Geralmente
este ritual ocorria nas residências onde aconteciam os novenários, uma por
localidade na zona rural, principalmente nas fazendas sob a responsabilidade dos
proprietários, momento que convidavam todos os moradores. Aqueles que por
motivos superiores não poderiam ir, realizavam suas fogueiras na própria
residência, em vez de mastro, colocavam era uma árvore ou mesmo uma palmeira
dependendo da que se encontrava com facilidade na região, a mais usada era o paty,
o tucum era o menos usado devido os espinhos. A carnaúba, nem pensar devido a produção, e o buriti, era
fatal, porque só tinha nos brejos e nem os proprietários tinham coragem de
perder tão preciosa palmeira. Durante a fogueira, seguiam o mesmo ritual da
manifestação junina. No perímetro
urbano da cidade, a festa era mais ampla, pela dimensão de espaço e a situação pecuniária de cada família. Cada
um comemorava conforme as posses.
O tempo passou. O mundo do pós guerra, pontuava uma nova
época. O Brasil, já não era mais o mesmo. Valença, também não. A migração
interna começou. As famílias da zona rural optaram pelas cidades, não só em
Valença-Pi, mais em todo Piauí e Brasil. De onde partiam deixavam a saudade,
mas traziam consigo a memória de suas tradições, dentre elas das festas
juninas. A cidade neste período recebeu pessoas de cidades da circunvizinhança, bem como de
outros Estados da Federação Brasileira, o que somou para o crescimento de nossa
História e praticamente de nossa cultura. Convém dizer que pessoas daqui também
migraram para o sul do País, São Paulo, foi a grande opção. Das localidades
mais próximas, temos notícias de pessoas da família Baía da Lagoa do Sítio,
foram as primeiras a se arriscarem ir para Terra Bandeirante. Da região do
Sambito, tantas outras, para o Maranhão nem se contam a quantidade. O certo que
estas pessoas também, levaram e deixaram saudade da terra mãe e lá com certeza
se aclimataram e somaram com a cultura e História local.
O certo que em 1958, na Rua do Maranhão, que era todo aquele
espaço pós a segunda Ponte do Catinguinha, até chegar na Ladeira a Valencinha,
aconteceu a primeira festa de Quadrilha
com passos marcados e coreografados na atual Rua Ivete Veloso, frente a
residência do Casal Didito Oliveira e Francisca, no mês de julho por ocasião de
um festejo de São Benedito. A festa foi muito interessante, todos foram ver a
grande novidade, uma festa matuta na cidade.
Para ensaiar os passos veio um senhor da cidade de Picos a
convite da organização. O sanfoneiro, foi Zé Filho, proveniente da localidade onde atualmente é a
cidade de Lagoa do Sítio. Foi tão animada a festa, que foi criada uma
relação de espera para aqueles que não tiveram
oportunidade de dançar naquela
quadrilha. Para tanto não eras só querer, precisava passar por um período sendo observado o
comportamento para poder dançar na quadrilha do ano seguinte. Existia e persistia
ainda naquele período a divisão social, e o grupo organizador da quadrilha
junina, era composto de pessoas que pertenciam a segunda classe social. Os da
terceira classe, não poderiam participar, se não fossem primeiro observado e
analisado pelo grupo, cujo comportamento somava para a ascensão ao grupo. Os do
grupo da Primeira classe, ouviram falar da festa e até certo ponto, se
admiraram! Eh! A cidade tá crescendo! (Darwim, explica.(grifo meu) A divisão social era tão séria neste período,
que certa vez, uma jovem da segunda classe, mas de comportamento apreciável,
filha de funcionário público, foi
indagada se queria fazer parte do grupo da primeira, simplesmente ela deu um
não, e se justificou; “Na primeira, serei sempre segunda e na segunda sempre
serei primeira”. O tempo foi passando, o coronelismos foi enfraquecendo, e
praticamente bem ainda no início da
década de 1960 aos poucos a
verticalização social de alguns começa tomar rumo horizontalizado e certos seguimentos(poucos)
arriscam uma verticalização. Tudo começa mudar e as festas juninas, tomam rumo diferente e atingem
praticamente todas as camadas sociais. A renda, os brocados, cretones e sedas,
dão lugar a chita, o riscado e o algodãozinho. Sendo que o ponto de partida para a dança de
Quadrilha com passos coreografados em nossa cidade teve como pontapé inicial esta apresentação realizada na Rua do Maranhão.
Graças ao empenho destes organizadores, corajosos, porque despertou um gosto pelas quadrilhas juninas na
cidade e neste ano será realizado o XXXI FESTIVAL CULTURAL DE QUADRILHAS
JUNINAS.
Por volta de 1984, a cidade já contava com vários grupos de
quadrilhas juninas individualizadas e sem um nome que os identificassem. O grupo
era conhecido pelo nome dos organizadores da festa. Observando isso a Profª
Naildes Lima Verde, convidou o Prof. Jose Dantas, para organizarem um Festival
de Quadrilhas Juninas, para escolherem os melhores grupos da cidade. O local
onde ocorreu, foi na Quadra do Colégio Santo Antonio.
Em 1989, a Profª Ineide Lima Verde, teve a iniciativa de
organizar o Festival num local mais amplo para atender o público que gostava de
ver e dançar quadrilhas juninas.
O espaço escolhido, foi a Praça do Xerem, no centro da
cidade. Para homenagear o local, a Profª Ineide Lima Verde, condinominou o
espaço como “Arraial do Gorgulho”, porque lá aos sábados ocorria a feira livre
e o feijão era o produto mais encontrado e também por ser um dos pratos típicos
de grande parcela das famílias valencianas. Com ou sem farinha, arroz, ou milho
bem como com beiju de massa de mandioca e rapadura, o feijão é degustado pelo
povo, mas quando for armazenado para o período da entre safra, se não for bem
cuidado e com muita areia peneirada, ele
esquenta e cria gorgulho, daí o nome do Festival, uma homenagem ao gorgulho,
inseto que dá no feijão, quando não é bem areiado.
Para organizar o Primeiro Festival de Quadrilhas Juninas de
Valença, a Profª Ineide Lima Verde, convidou para lhe assessorar, a Profª
Nereide Fernandes e o Prof. Antonio Jose Mambenga. E no dia 28 de junho de
1989, às 20:00hs foi inciada a festa com um grande público presente e muitas
barracas de comidas e bebidas típicas.
Participaram as Quadrilhas Juninas: Joaquim Manoel, do
Lindomar Amancio, Bela Flor da Profª Carmelita Batista, Maravilha, da Profª
Walmira do Adão, Matutos da Noite da Profª Dona Rodrigues, Renascer do Crovapi,
e da zona Rural: Quadrilha do Fumal, Quadrilha da Isidória. A campeã foi a
Quadrilha Bela Flor. Neste ano de 1989, não houve participação de quadrilhas
mirins.
As quadrilhas juninas em Valença, se mantém, através da força
e força de vontade dos grupos organizados, da Prefeitura Municipal, que oferece
toda infra-estrutura para o evento, através de contratação de bandas regionais
e locais, palco, som, iluminação,
limpeza do espaço, decoração, premiações, banheiros químicos, segurança. Tudo
isso para que o evento continue sendo
uma grande referencia no Território do Vale do Sambito e até mesmo a nível de
Estado do Piauí. Pena que ainda falta mais apoio por parte de quem poderia
patrocinar, mas um dia quem sabe a sensibilidade chega e sejam tocados pela
essência da cultura local. Não é surpresa lê-se avisos desta natureza:
Patrocínio de qualquer tipo, suspenso!
Neste ano de 2019, o XXXI FESTIVAL CULTURAL DE QUADRILHAS
JUNINAS DE VALENÇA DO PIAUÍ, será realizado, graças ao empenho da Prefeita Maria
da Conceição Cunha Dias, da Secretária Municipal de Cultura e Turismo, Josilânia
Lopes Martins Policarpo, do Vereador Leilivan Martins, das Secretaria
Municipais, dos Grupos Juninos Organizados, e dos funcionários da Secretaria
Municipal de Cultura e Turismo.
É com este querer que o XXXI
Festival Cultural de Quadrilhas Juninas,
vai acontecer nos dias 28 – 29 e 30 de junho no Espaço Cultural do C S U
em nossa cidade, com a graça de Deus e das pessoas de boa vontade, na certeza
que a cultura de um povo é grande quando cada um faz sua parte é este o nosso
sonho ou talvez a nossa grande utopia! Sintam-se todos convidados!
TEXTO: Prof. Antonio Jose Mambenga – Valença do Piauí, 25/06/2019
PROGRAMAÇÃO
Dia 28/06/2019 (Sexta-Feira) 19h00min as 23h00min
Alusão ao Evento
Composição da mesa de honra
Apresentações:
01 -20h00min- ABERTURA OFICIAL (GRUPO CULTURAL XAMEGÃO DA 15)
APRESENTAÇÃO DO CASAL MARIA BONITA E LAMPIÃO 2019/ GAROTO (A) FOLGUEDOS 2019.
02- 20h15min - 20h35min - QUADRILHA TINDÔ-LÊ-LÊ – MIRIM (U.E.
JAIME LIMA VERDE – PROFª CARMEM)
03 – 20h35min –DANÇA XAXADO DAS ESTRELAS - UNIDADE ESCOLAR
JOAQUIM MANOEL (CRISTIANO E TENÉ)
04 – 20h45min - QUADRILHA ESTRELINHA DO SERTÃO- MIRIM (U. E.
JOAUIM MANOEL – PROFª LÍDIA E MARA)
05- 21h05min - PINGA FOGO – MIRIM (U E AMANDO LIMA- PROFª IARA E PROFª
MARIINHA)
06 –21h25min- QUADRILHA FELICIDADE- MIRIM (SENHOR PLÁCIDO E
DONA EROTILDES)
07 – 21h45min- QUADRILHA SASSARICANOS DA NOITE –IDOSOS
(ASSISTENCIA SOCIAL- IELVA MELÃO
08 –22h15min- QUADRILHA LUA DE PRATA (DEMERVAL LOBÃO)
ATRAÇÕES DA NOITE- 23h00min as 06h00min
D’ ALCANTARA E BANDA MONTAGEM – PALCO 01
NODA DE CAJÚ – PALCO 01
NO ESQUENTA – BANDA DOS MAGRINHOS
Dia 29/06/2019 (Sábado) 19h00min as 24h00min
Alusão ao Evento
Composição da mesa de honra e jurados
Apresentações:
01 –19h50min- QUADRILHA DO CHIQUINHO-ADULTO (PADRE ANTONIO
CARLOS)
02- 20h15min- QUADRILHA ESTRELAS DA TINDÔ-LÊ-LÊ – ADULTA
(U.E. JAIME LIMA VERDE - DEYSE).
Competição:
03 –20h40min- QUADRILHA DO EJC- ADULTA (RAUL SOARES)
04-21h05min- QUADRILHA TINDÔ-LÊ-LÊ – ADULTA (U.E. JAIME LIMA
VERDE – (Professoras -CARMEM E ANDRELINA)
05– 21h35min- QUADRILHA ESTRELA DO SERTÃO- ADULTO (U. E.
JOAUIM MANOEL – PROFª LÍDIA E MARA)
06- 22h05min - QUADRILHA FELICIDADE- ADULTO (SENHOR PLÁCIDO E
DONA EROTILDES)
07- 22h30min –QUADRILHA ARRAIÁ DAS PASTORAIS –
ADULTO-(AMPARO)
08- 23h00- CANGAÇO DE OURO- ADULTO (LUAN FERNANDES).
ATRAÇÕES DA NOITE- 24h00min as 06h00min
TOME FORRÓ – PALCO 01
FABRICIA SHOW– PALCO
01
CRISTIANO PIPOW
NO ESQUENTA - VANVAN FURAÇÃO
Dia 30/06/2019 (Domingo)- 19h00min as 24h00min
Alusão ao Evento
Composição da mesa de honra e Jurados
Apresentações:
01- 19h35min- GRUPO JUNINO ARRASTA PÉ DO CAPS (PAULA- SEC. DE
SAÚDE)
Competição
02-20h00min- QUADRILHA EVOLUÇAÕ JUNINA- ADULTA – NOVO-ORIENTE
03 –20h35min- QUADRILHA JUNINA ARRASTA PÉ DOS CAIPIRAS–
ADULTA – PICOS
04 –21h10min- QUADRILHA BEIJA FLOR DO SERTÃO - ADULTA- PIMENTEIRAS
05 – 21h45min- QUADRILHA JUNINA VERDE AMARELO – ADULTA- PICOS
06 –22h20min- QUADRILHA JUNINA CHAPEU DE PALHA – ADULTA -
TERESINA
07–22h55min- FOLE DA SANFONA
- ADULTA- TERESINA
08-23h30min- RAIZES DO SRTÃO
- ADULTA-FRANCISCO AYRES
ATRAÇÕES DA NOITE- 24h30min as 04h30min
GUILHERME DANTAS–
PALCO 01
FELIPE ENVOLVENTE–
PALCO 01
Programção: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo –
Valença do Piauí
Parabéns! Ótimo texto.
ResponderExcluirMuito grato, amigo! Vou acreditar, porque acredito em você!
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