segunda-feira, 20 de novembro de 2023

 

                           HISTÓRIA DE VIDA: DONA ZORAÍDE E SR. LUÍS CARLOS

 

A vida se torna importante quando acreditamos que somos capazes de construir nossa própria História dentro dos espaços que nos são confiados, daí ser necessário acreditar em Deus e saber entremear o destino diante dos homens e mulheres de boa vontade.

A cidade de Valença do Piauí, guarda no seu acervo histórico cultural, grandes referências, muitas das quais permanecem ainda no anonimato pelas limitações da própria vida. Porém, outras à medida que o tempo vai passando vão surgindo e se tornando públicas pela importância que tem diante da cidade, do bairro ou mesmo da própria rua ou comunidade onde residem.

Vários bairros formam o espaço urbano de nossa cidade, mas o bairro Bela – Flor, o Sítio Veneza, o bairro Amando Lima, a comunidade Oiticica, e as comunidades: Alto Alegre, em Aroazes e Canabravinha na região de Brejo Grande, na zona rural de São Miguel do Tapuio, serviram de cenário, dentre outros espaços geográficos para contarmos a História do casal Zoraíde Pereira da Silva e Luís Carlos da Silva.

Foi no final da década de 1930, quando a região Nordeste tentava se adaptar ao estilo gestor do coronelismo e o Piauí tentar superar a queda financeira do ciclo da maniçoba, na madrugada de uma sexta-feira, às 5 horas da manhã do dia 11 de junho de 1938, na Fazenda Alto Alegre zona rural da cidade de Valença, atualmente pertencente ao município de Aroazes - PI nasceu Luís Carlos da Silva, filho da Senhora Maria Raimunda do Espírito Santo e do Senhor Luís Carlos da Silva, sob os cuidados da parteira da região mais conhecida por Mãe Nicota.

Luís Carlos teve o privilégio de nascer com saúde. A parteira ao cortar seu umbigo, enrolou num pedaço de pano e fez as recomendações para a mãe do recém nascido como deveria proceder, quando o  umbigo caísse, uma vez que existia um ritual para ser seguido, bem como as normas do primeiro banho que ocorreu numa cuia grande, com metais e ervas silvestres para que nada interrompesse o destino da criança.

Assim foi feito, e o menino Luís Carlos, criou-se sob a proteção Divina e os cuidados da família.

Luís Carlos teve cinco irmãos: Virgílio, Francisca,  Luzia, Antônio e José Tucum.

Na fazenda Alto Alegre, Luís Carlos, migrou para Valença, ainda bem criança, mal tinha nascido os primeiros dentes e ainda caminhando com dificuldades, em dezembro de 1939, a família, a convite do Coronel Norbertim, veio para Valença, prestar serviços no Sítio Veneza, onde  deram continuidade a vida, trabalhando e ensinando os filhos trabalharem conforme a condição física de cada um.

 No começo, antes dos sete anos Luís Carlos, já servia para olhar o plantio de arroz ou de  outros legumes, como milho, feijão, para evitar que os passarinhos silvestres destruíssem. Semear legumes, catar caju, manga e buriti, fazia parte de sua vida infantil,  mas Luís Carlos, gostava mesmo era do período das moagens, porque achava bonito o ranger das moendas e a maneira como os bois eram tocados, chegando a exercer esta função por alguns instantes mesmo sem o consentimento dos pais.

À medida que o tempo foi passando o serviço braçal lhe esperava como se fosse ocasionado pelo destino, mas a infância não lhe foi tragada, porque juntamente com seus irmãos encontrava tempo para caçar passarinho utilizando baladeira, pescar nas levadas, banhar nos poços mais profundos, mesmo correndo o risco de ser captado pelo sucuruiú grande que diziam que existia entre o sítio Valentim até a confluência do rio Tranqueira no Sambito.

O menino Luís Carlos, armava mundeu para pegar preá ou rabudo, para comer assados no espeto ou  mesmo na boca da fornalha. Comer rapadura quente era a coisa mais  normal, mesmo que a noite tivesse que beber chá de cinza para poder dormir. Beber garapa com limão não existia coisa melhor, mas uma enxada, mesmo pequena devido sua estrutura física lhe esperava, até que tornou-se seu instrumento  de trabalho antes mesmo de completar 10 anos, uma vez que o pai precisava da ajuda dos filhos para cumprir as metas determinadas pelo patrão.

Em 1945, com sete anos foi matriculado no Grupo Escolar Cônego Acylino, para receber a instrução letrada. Foi aluno das professoras: Liduína Marreiros, Carmina Melão, Laura, Graci Veloso, Maria Campos, numa sala onde também estudavam seus irmãos, mas Luís Carlos, na maioria das vezes, preferia ficar, deitado debaixo de uma enorme mangueira do sítio Veneza, do que chegar até a sala de aula do Grupo Escolar Cônego Acylino, ou mesmo quando chegava mais próximo aproveitava o micro clima do cajueiro do Melão, árvore frondosa de cajus suculentos que ficava em frente o Grupo Escolar onde tinha que frequentar para aprender a ler e escrever e contar. O tempo foi passando, o menino Luiz Carlos, a cada dia, perdendo o gosto, de frequentar a escola,  mas o período que passou frequentando a escola, foi suficiente para  aprender o suficiente para manejar a vida letrada e exercer a cidadania.

Um fato interessante aconteceu.  Até o período que estudou no Cônego Acylino , se chamava Luís Gonzaga, mas com a eclosão do sanfoneiro, Luís Gonzaga, Rei do Baião, que conquistou o gosto popular, o menino Luís Gonzaga, que nasceu no Alto Alegre, se batizou  na Igreja do Olha d’água dos Milagres, que teve como madrinha, a Divina Santa Cruz e como padrinho, o senhor Jeremias Pereira da Silva, substituiu o nome de Luiz Gonzaga, para Luiz  Carlos. Neste caso o Luíz Gonzaga, virou Luíz Carlos, tanto que a própria Professora Liduína Marreiros, quando o encontrava,  cumprimentava como Luiz Gonzaga e não como Luiz Carlos. O certo, é que atualmente, conserva o nome Luiz Carlos.

A infância passou. As lembranças dos bons tempos passaram, porém a memória acusa, os jogos de bola no Largo da Bela Flor, mesmo tendo que enfrentar o areial existente, mas como a bola era dos filhos do Sr. Armando Veloso, principalmente os da mesma faixa etária: Iran, Arí, e também Netim  e o Edilson de “Seu Clóvis Veloso”,  mesmo oriundos de uma classe social alta, no esporte se irmanavam no jogo de futebol. Os meninos do Largo da Bela Flor, até poderiam fazer gol e ganharem a partida. Dentre estes meninos estava Luiz Carlos.

O tempo passou, a metamorfose ocorreu, o jovem Luís Carlos, precisou encarar a vida com mais maturidade. Ainda bem jovem, prestou serviço como botador de água em ancoretas sob o lombo de jumento, para casa dos ricos. As ancoretas eram confeccionadas pelos Sr. Manoel Apolinário, esposo de Mãe Ana. Nos intervalos, prestava serviço como botador de lenha, também para casa dos ricos, mas alimentava o sonho de uma vida diferente. Quando ia na casa do Sr. Manoel Apolinário, “Seu Didito, pai do Eustásio”, Antônio Preto, pai do Claudio Mambenga, mestre Acelino, Mestrim Ferreira, Manoel Mambenga, Zé Ferreira, Zé Tenório, Zé Dandá, despertava interesse em trabalhar com madeira, exercendo pelo menos a função de caripina, até que um dia soube que um senhor ia viajar para o Maranhão e colocou um serrote a venda, Luís Carlos, tinha umas economias e comprou o serrote, por vinte contos de réis, só não recorda muito bem o nome do vendedor, se foi o Antônio Félix ou se foi o Chico Leônidas, filho do Velho Leônidas, moradores no Largo  da Bela Flor.

O certo é que o serrote foi a base para se transformar e se tornar referência entre  os bons serradores de madeira na cidade de Valença do Piauí, cujas orientações primeiras foram dadas por Antônio Preto e seu filho primogênito Claudio Mambenga.

Ainda sobre a juventude de Luís Carlos, a memória acusa, os reisados organizados pelo pai do Bodim, Senhor Joaquim Quitéria e sua esposa Dona Maria Evangelina da Luz, especificamente do conflito travado no Beco da Amargura, entre os membros do reisado e os rapazes da elite que moravam na Praça Jose Martins e circunvizinhança, às vezes o boi saía as 8 da noite do Largo da Bela – Flor e só conseguia sair do Beco da Amargura, quase meia noite, devido o conflito entre os dançarinos do reisado que moravam no Largo da Bela Flor e adjacências. Com os rapazes que moravam na Praça Ze Martins ou mesmo na Rua do Maranhão. O conflito acontecia da seguinte forma: Os rapazes da elite, queriam tomar o Boi, soltavam foguetes, traques, bombas e similares. Enquanto os dançarinos, e demais personagens do Boi, dançavam e protegiam o boi. Bomba ia, bomba vinha, a pólvora zuava solta. Convém lembrar que tudo funcionava como brincadeira, mas o grande desejo de um grupo era tomar o boi, enquanto o outro, a grande defesa, era proteger e ficar com o boi e assim a brincadeira prolongava por horas a fio. Os   foguetes, traques, bombas, eram confeccionadas pelo exímio artesão de fogos e derivados, Senhor Saló.

O grupo do reisado da Bela-Flor se besuntavam de tabatinga, para suportar as fagulhas de pólvora, mas tudo isso, Luís Carlos, via e acompanhava, mas não se sentia insultado para participar da brincadeira, gostava mesmo era de participar dos forró do Belo, na rua dos imbuzeiros, dos forrós da Casa de Seu Lucas nas Cacimbas, dos forrós do Adão Pezim, e quando dava certo, dos bailes do Sonho Azul ou mesmo os da Rural Velha.

Os anos Dourados se passaram, o calendário anunciava novas “eras”. Luís Carlos, descobriu que já era tempo de encontrar a cara metade. Em Valença não era tão difícil, mas o coração e os olhos convergiam para uma jovem, de estatura media, esguia, cabelos feito tranças, pele morena, trabalhadora, bonita e referência de responsabilidade. Morava na casa do Sr. Armando Veloso e Dona Rosina, conhecedora das prendas domésticas e educada. Esta jovem era Zoraide, mas era muito séria, comportada, de poucas palavras, porque sua vida era sinônimo de trabalho, pois era uma das pessoas responsáveis pela confecção da cajuína, desde o tempo de Dona Maricas do Sr. Cloves Veloso. Mas como o amor não tem fronteiras, namoraram e no dia 20 de junho de 1963 na Igreja de Nossa Senhora do Ó e Conceição, realizaram a celebração do casamento, cuja benção do Sacramento foi efetuada pelo Reverendo Padre Raimundo Nonato de Oliveira Marques. Tiveram como testemunhas do Enlace Matrimonial, Claudio Pereira da Silva Mambenga, Dona Rosina Portela Veloso,  Sr. Francisco Pereira dos Santos .

Do enlace matrimonial, nasceram 9 filhos: Francisco José, Ilauda Maria, Ivalda Maria, Maria Ivanilde, Evangelista, Francisca Maria, Francisco Flávio, Maria da Cruz, Francisco Ivanildo. 29 netos:  6 do Zé , 5 da Ilauda, 3 da Ivalda,  1 do Ivanildo, 3 do Evangelista, 4 da Ivanilde, 4 da Francisca Maria , 1 do Flávio, 2 da Maria da Cruz. 21 bisnetos:  2 do Kito, 1 da Irismaria, 2 da Ionária, 1 da Iranilda, 1 do Ironildo, 1 do Vangim, 2 do Lalá, 2 do Tatá, 1 do Cabeça, 2 do Pepeu, 1 da Iara, 2 da Iane, 1 da Ivânia, 1 do Nildin, 1 do Dunga.

Do ofício de caripina, ainda existem peças confeccionada por Luiz Carlos, um banco de ofício de carpinteiro, na residência do Sr, Jesus Mambenga, no Bairro Lavanderia aqui em Valença. A referida peça, foi retirada no início da década de 1970.  de uma árvore por nome Jatobá de arara, localizado às margens da Estrada que vai para a comunidade João Pires, próximo a residência de Dona Francisca, matriarca da família foen.

Neste 20 de junho de 2018, Luíz Carlos e Zoraíde completam 55 anos de vida conjugal e muita felicidade, porque os filhos funcionam com dádivas de Deus, em cujo labor se concretiza em ver a família criada e o respeito mútuo que existe entre ambos.

Luíz Carlos, se sente realizado como pai de família, nem mesmo a idade funciona como obstáculo, porque trabalhar, sem escolher tipo de trabalho lhe deu o amadurecimento de acreditar, na passagem bíblica que diz: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Completar 80 anos de vida e 55 anos de casado é momento de agradecer a Deus pela graça de poder todos os dias ser visitados pelos filhos, netos e bisnetos e sentir de perto as coreografias de Maria Clara, que na sua inocência, preenche momentos de muita alegria e acima de tudo a amizade, o respeito recheados de amor e dedicação com sua esposa Zoraíde.

 

 DONA ZORAÍDE

Os caminhos são trilhados por aqueles que encontram coragem para seguir a trajetória da vida, mesmo sabendo que nada é fácil e nem pronto e acabado. Cada coisa tem uma razão de ser e existir. Alguns acreditam que o destino encabeça a vida, outros, entendem que a vida mesmo com as dificuldades precisa ser vivida.

Em Valença do Piauí, a cidade ainda era governada por um sistema de governo voltado para a República Velha, mesmo sabendo que novos paradigmas administrativos eram criados e postos em prática.

A população, grande parte morando na zona rural, a classe popular que residia na cidade ficava fincada em bairros periféricos na maioria das vezes, órfãos das benesses dos gestores municipais e praticamente de tudo, mas sobreviviam com a graça de Deus.

Quando um casal se separava, geralmente a prole ficava com a mulher, que se via obrigada procurar quem pudesse criar os filhos e os que ficavam sob seu domínio, eram obrigados a trabalharem muito cedo, para ajudar no sustento de casa, outros eram entregues a famílias de boa situação que muitas vezes residindo bem distantes da terra berço.

O Sr. João de Sousa Martins foi doado ao Major Totói, proprietário da Fazenda Canabravinha, próximo ao Brejo Grande, zona rural do município de São Miguel do Tapuio – PI, pós a separação dos pais, que eram moradores do Bairro Cacimbas, mesmo procedentes da região de Inhuma, naquele período pertencente ao município de Valença.

Na Fazenda Canabravinha, João, foi criado, cresceu, viveu e casou-se com Maria Raimunda Pereira da Silva. Tiveram filhos dentre eles: Zoraíde Pereira da Silva que foi a primogênita, mas nasceram também: Josefa. Jose, Francisco, Raimundo, Manoel, Sebastião, Socorro e Antonio. (uns nasceram em Canabravinha e os outros em Valença).

Em 1940, dia 13 de junho, nasceu Zoraíde, sob os cuidados da parteira Maria Patrícia. Seus pais: Senhor João de Sousa Martins e Dona Maria Raimunda, ficaram muito felizes com o nascimento da filha, seguiram o ritual típico de época, desde o corte do umbigo pela parteira Maria Patrícia, ao primeiro banho numa cuia grande, cuja água foi retirada das nascentes do riacho da Capivara, um dos formadores do Rio São Nicolau, onde comumente era vista a mãe d’água.

Uma vela de cera de abelha silvestre foi acesa, próximo a um quadro de Nossa Senhora do Bom Parto, em sinal de agradecimentos pelo nascimento da filha, cuja tradição tinha base na Casa Grande do Major Totói, por sua esposa Dona Catarina de Sousa Martins, para anunciar o nascimento de Zoraíde à comunidade local e adjacente, o Sr. João Martins, seu pai, deu dois tiros para cima com sua velha espingarda garruncha, para anunciar o nascimento da filha Zoraíde. Os dois tiros serviam para avisar o nascimento da criança, no caso de Zoraíde foram dois, porque era menina. É bom lembrar que esta tradição era muito comum na região. Caso fosse menino seriam três tiros.

Sua mãe, dona Maria Raimunda, foi cuidada, pelas vizinhas próximas, que não lhe deixaram faltar nada.

A menina Zoraíde, muito cedo recebeu o Sacramento do Batismo, teve como padrinhos o Senhor Miguel Soares e como Madrinha, Dona Ana de Sousa Martins, mais conhecida por Dona Sinhazinha, irmão de Dona Ceci.

Dentro do possível estavam ali, seja nos afazeres domésticos ou para fazer companhia, mas todas tinham muito apego com a pequena Zoraíde, porque desde pequena já demostrava afinidades com as pessoas, através de olhares convergentes ou mesmo com esboço de sorrisos, uma criança feliz mesmo na ingenuidade da infância.

O tempo passou, a menina Zoraíde, adequava-se as realidades da família ou mesmo tendo que se comportar como a filha do morador da Fazenda Canabravinha, mas isso não era empecilho, sua infância não foi diferente, cedo foi aprendendo as prendas domésticas com sua mãe Dona Maria Raimunda, e como toda criança, o lado infantil, o lado mulher desenvolvia uma   sensibilidade indo  das brincadeiras de bonecas, mesmo feita de pano e de forma bem artesanal, mas eram de uma importância tamanha e lhe satisfaziam o ego a outras brincadeiras típicas de crianças da zona rural.

Uma das coisas que mais gostava era quando acompanhava a mãe até o riacho Capivara, para buscar água para beber, ou mesmo para lavarem roupas. Lá ela banhava, subia nas pedras, engolia piabas para aprender a nadar, balançava nos cipós que se entrelaçavam sobre o leito do riacho, era uma festa, porque muitas vezes tinha outras crianças que também estavam na companhia das mães que  também estavam na “fonte” lavando roupas.

A menina Zoraíde, não frequentou escola no período da infância, na Fazenda Canabravinha, porque não existiam escolas. E em Valença, porque os pais não se ativaram para tanto, cujas mentes ainda estavam voltadas para um pensamento que “mulher” principalmente as oriundas da classe popular, não precisavam estudar. Com isso Zoraíde teve podado o sonho de dominar a leitura e aguçar  o pensamento letrado com o conhecimento e as limitações impostas pela escola da vida, sabendo conhecer e repassar os saberes das vivencias do cotidiano em cultura e historias atrelada no patrimônio imaterial da comunidade onde viveu e vive na atualidade.

Suas memórias de infância se cristalizaram na Casa Grande da Fazenda Canabravinha, no pátio da Fazenda, onde à tardinha via repleto de bois e vacas, no aboio do vaqueiro, nas cantigas das brincadeiras de roda, no cantar do galo anunciando o amanhecer, na ceifa do arroz na várzea, no som das águas do riacho Capivara, ou mesmo o tropel dos cavalos e latidos dos cachorros quando se deparavam com coisas ou pessoas estranhas.

Zoraíde lembra muito bem, da casa onde nasceu e morou até 11 anos. Recorda muito dos medos do lobisomem que assombrava a população nas noites de Lua cheia, quando ouvia o grunido dos cachorros e o canto rouco da coruja, entendia que algo sobrenatural estava ocorrendo, tal qual como o canto da “coãn”, pois a crendice popular acreditava que era mau presságios, e para evitar era necessário fincar um pau no chão.

São estes momentos incríveis que tornam a infância de cada um muito diferente.

A menina Zoraíde, num certo dia, encontrava-se em casa com sua mãe, enquanto seu pai havia saído para campear o gado que cuidava, e não havia chegado ainda, mãe e filha já estavam preocupadas, quando de repente, ouviram um barulho diferente das galinhas, através de um cacarejo estranho, mas pensaram que fosse algo não tão sério que estivesse ocorrendo alí por perto e de proporções menores, mas, mesmo assim Dona Maria Raimunda e Zoraíde, saíram de ponta de pé em direção a cozinha, onde existia uma janela com frechas bem acentuadas que dava para ver o que estava acontecendo fora de casa. De repente,  Dona Maria Raimunda olhou em direção ao chupeiro que ficava a uns dois metros da casa e observou que era uma onça pintada. Trêmula de medo e quase  sem voz, abraça a filha Zoraíde em sinal de proteção, voltando a cabeça da menina no sentido contrário para que não pudesse ver o felino, mas no entanto Zoraíde, já havia visto, e não comunicou e mãe para que esta não se apavorasse.

A situação diante da onça pintada foi apavorante, e o animal, apenas contornou e ainda entrou na casa pelo outro lado, mas os pedidos de socorro de Dona Maria Raimunda às divindades conhecidas, que foram das bastantes conhecidas que já estão há muito tempo no céu, como também  às mais conhecidas da terra.  Nomes como “Padim Ciço” do Juazeiro, São Francisco do Canindé, Santa Cruz dos Milagres e tantas outras que juntos fizeram com que a onça desce meia volta e retornasse para floresta de onde tinha vindo. Este momento ficou cristalizado na memória da pequena Zoraíde, porque, naquele momento somente o poder de Deus evitou Dona Raimunda e a filha Zoraíde, serem atacadas pela onça pintada.

Em 1951, com a morte do Major Totói, a família do Sr. João de Sousa Martins, deixou a Fazenda Canaravinha, rumou com destino a cidade de Valença, onde o Sr. João, tinha familiares. Neste período Zoraíde, já tinha 11 anos de idade. A saída e a viagem, não teve tanta diferença da música triste partida cantada por Luís Gonzaga, com letra de Patativa de Assaré.

 As personagens eram diferentes, as causas da partida, mudança de patrão. Se a família cearense foi para São Paulo de pau de arara, a família de migrantes da Fazenda Canabravinha, veio para Valença, caminhando e “tocando” três jumentos, um com os mantimentos, outro com os mobiliários de casa, quantidade suficiente que cabiam num jogo de jacás e outro jumento, conduzindo as crianças, também num jogo de jacás, dentre elas Zoraíde, sozinha  num dos jacás, com uma cuscuzeira de barro, um arguidor pequeno e mais uma pedra que servia de trempe na antiga morada, no outro jacá, as outras crianças menores. Como na triste partida dos cearenses, a menina Zoraíde, também esqueceu alguns brinquedos, simples, mas eram seus brinquedos: uma cumbuca, com alça de embira de tucum, umas conchas de cipó preto e até mesmo a única boneca de pano confeccionada pela avó materna, também lá ficou na antiga morada da Fazenda Canabravinha e para mais coincidência, um pé de jasmim branco, localizado na frente da rústica casa, o tempo se encarregaria de destruir.

A família seguiu viagem para Valença, “Seu João, Dona Maria Raimunda, as crianças e mais três caninos, um macho e duas fêmeas, mas serviam para dar proteção a família que se deslocava para cidade de Valença do Piauí, em busca de dias melhores.”

A viagem foi longa, os caminhos, estavam mais para veredas, mal davam para os animais seguirem. Paravam três vezes por dia, para o café da manhã, beiju com rapadura, o almoço às vezes era preciso se virar com captura de animais silvestres, neste período eram mais abundantes e não existia proibições. Às vezes, se viravam com frutas do campo,  encontradas nas margens do caminho ou mesmo com mel de abelha, cuja cera Dona Maria Raimunda aproveitava para fazer velas.

O descanso, era debaixo das árvores, que não fosse de assombração. Com cinco  dias de viagem, chegaram em Valença, dirigiram-se até as Cacimbas, próximo a casa do Sr. Lucas de Dona Neguinha, onde morava o senhor Joaquim Nogueira, pai do Pitirã e de João de Sousa, pai de Zoraíde.

A estadia no Bairro Cacimbas, foi efêmera, de lá rumbearam para a localidade Passagem do Meio, na região da Santa Rosa, antes da comunidade Milagre.

Na Passagem do Meio, não conseguiram casa, mas como era período do estio, se alojaram debaixo de uma frondosa Mangueira, mas cuidadoso como era o Sr. João, recolheu no Sítio Santa Rosa, umas palhas da Palmeira buriti e fez algumas divisórias, essenciais, para definir a residência ecológica, por necessidade e não por modismo como alguns encaram neste mundo contemporâneo. Pós o verão do mesmo ano, a família de Zoraíde, se mudou comunidade Taboquinha, também nas proximidades da Santa Rosa. Desta vez, para uma casa coberta de palha e com divisórias também de palha da palmeira buriti, também demorou pouco tempo. Receberam um convite do Major Odilo Soares para irem morar na Oiticica (1952) onde o Sr. João Martins, podia exercer as atividades agrícolas e também, cuidar do gado da Fazenda. Neste período Zoraíde já contava com 12 primaveras, o corpo pegava forma, era a transição da puberdade para adolescência, e extrovertida como era, ajudava e aprendia as prendas domésticas, bem como ajudava a mãe na ceifa dos legumes principalmente do arroz, produto de grande referência na comunidade.

O tempo passava de uma forma tão rápida, que as folhinhas do calendário de parede, mas pareciam voar de que serem retirada individualmente a cada dia do ano.

Na Oiticica, sob a proteção do Major Odilo Soares, a família ficou por mais tempo, espaço suficiente de ampliarem o ciclo de amizade a participar das atividades festivas, sociais e religiosas da comunidade.

A garota Zoraíde, muitas vezes lavou roupa ou tomou banho nas águas do Olho d’água do Fuxico, momento que recordava os bons momentos que passou na Fazenda Canabravinha e banhava no olho d’água da Capivara.

O entrosamento com os demais moradores da Oiticica, Zoraíde era convidada para festas de São João, Rodas de São Gonçalo e a dança do Manuê, sob a orientação de Zefa Gabriel, principalmente no período da ceifa do arroz.

Em 1955, Zoraíde, já com 15 anos, veio para Valença, prestar Serviço na residência da Sra. Maria Matias, esposa do Sr. Eudóxio, mas só passou um dia. Retornou novamente para a comunidade Oiticica, onde passou alguns meses quando indicada pelo Major Odilo Soares, Zoraíde, veio para Valença, para trabalhar na residência de Dona Maricas Veloso, esposa do Sr. Cloves Veloso, situada na rua Mundico Dantas, Centro, onde permaneceu até o ano de 1957, quando completou 17 anos.

Na residência de Dona Maricas ampliou e aperfeiçoou o conhecimento na arte culinária, aprendeu noções de boas maneiras e conquistou outros conhecimentos na confecção da cajuína, cujo labor acompanhado por Dona Maricas, começava cedo. Nas primeiras horas da manhã, pós preparar o milho no pilão, se dirigiam até o sítio, onde atual é a roça do Antônio Carlos Cortez, acompanhando Dona Maricas, para o recolhimento dos cajus, cuja seleção era feita por Dona Maricas, retornavam rápido porque tinha que cuidar dos outros afazeres de casa e também da cajuína.

Logo, Zoraíde, conseguiu a graça de Dona Maricas, tornando-se a responsável pela cozinha, até mesmo o quarto onde Zoraíde dormia, ficava próximo do dormitório de Dona Maricas, porque podiam precisar de alguma  durante a noite, Zoraíde, estava mais próxima do casal.

 Com o passar do tempo, numa noite de São João, Zoraíde “passa fogo” com Dona Maricas, para ser sua madrinha, a partir daquele dia, Dona Maricas, ficou sendo Madrinha de fogueira de Zoraíde.

Além de Zoraíde, outras pessoas também prestavam serviços para família do Sr. Cloves, a lavadeira de roupa era a Ana Sombrinha, esposa do Benedito Macaco; o botador de lenha e água, era Luís Carlos, Tereza mãe da Nuchinha do Manoel Gabriel, cuidava da limpeza da casa.

Zoraíde, era extrovertida, gostava de novidades, mesmo trabalhando na casa do Sr. Cloves, achou uma proposta de ir trabalhar na casa de uma família em Fortaleza, e foi. A casa onde trabalhou ficava no Bairro Assunção, próximo ao Quartel de Polícia Militar. O pessoal com quem Zoraíde morou era da família do Sr. Jeremias Pereira, Dona Lourdes, nora do Sr. Jeremias.

Passado um período, Zoraíde, retorna para Valença e foi trabalhar na casa de Dona Rosina, esposa do Farmacêutico Armando Veloso, cuja residência ficava em frente a Casa de Dona Maricas Veloso, na rua Mundico Dantas, onde Zoraíde já havia trabalhado.

Examinada sobre tantas mudanças de serviços, Zoraíde responde:     — Era buscando melhoras, porque era trabalhando que ajudava sua família, que continuava morando na Oiticica e enfrentando dificuldades. Sempre que seu pai vinha a Valença, Zoraíde lhe ajudava de forma pecuniária, nem que fosse pouco, porque também, não tinha muito, mas tinha aquela preocupação em ajudar a família.

Nunca esqueceu, de um depoimento do seu pai, uma certa vez: ainda na década de 1950, quando o homem do campo podia se alimentar com animal silvestre.

Ele conseguiu um tatu, separou uma banda para se alimentar com a família e a outra, saiu na vizinhança, solicitando trocar a banda de um tatu por um prato de farinha, e ninguém se dispôs fazer a troca por também não terem a farinha. Ele voltou para casa e comeram o tatu escoteiro, porque não tinham nada para misturar. Às vezes acontecia também, de terem a farinha e não terem a mistura, fato corriqueiro, não só na família do Pai de Dona Zoraíde, mas em muitas famílias da classe popular da cidade de Valença do Piauí.

O tempo passava de uma forma tão rápida, mas Zoraíde, conquistava espaço entre os serviços na casa de Dona Maricas do “Seu Cloves”, na casa da dona Rosina de “Seu Armando Veloso”, as idas de forma espaçosas a casa de seus pais na Oiticica, que Zoraíde preenchia os espaços da vida. Mas foi ainda quando morava na casa de Dona Maricas Veloso, que Zoraíde sentiu o coração bater mais forte quando se deparou com um rapaz, moreno, de altura mediana, trabalhador, também na casa de seu Cloves Veloso, na condução de botador de lenha e água, mesmo sendo conhecido de Zoraíde, mas naquele dia foi diferente: Zoraíde, vinha da Roça do Betel com uma lata de caju na cabeça, fato corriqueiro na labuta durante a safra de caju. Neste dia, acompanhada de sua patroa e madrinha de fogo, Maricas Veloso, quando, avistou aquele rapaz, à margem do caminho. Ela que andava muito rápido e cantarolando em voz baixa, quando passou próximo, da pessoa que estava a margem do caminho, entusiasmou-se, a música que cantarolava, tornou-se apenas um balbuciar de voz, quando ouviu a seguinte proposta: — Me dá  um caju! Zoraíde, mal ouviu o pedido, retrucou, negando-lhe o caju. Mas o rapaz, apenas esboçou um sorriso e sentiu que aquela resposta, tinha sido apenas da boca para fora, viu que Zoraíde, diminuiu os passos da caminhada, e de repente, uma das mãos vai até o rosto e enxuga o suor. O rapaz que estava na margem do caminho e solicitou o caju, era Luís Carlos.

Naquele momento, Luís Carlos sentiu que o cupido flechou seu coração, Zoraíde, também sentiu o mesmo, mas para os padrões de época, moça não poderia ser atirada, tinha que ser comportada, além do mais, trabalhava na casa de Dona Maricas de “Seu Cloves”, tinha que manter o conservadorismo da família onde trabalhava.

O tempo passou, Luís e Zoraíde, se aproximam e fixaram namoro.

O casamento, não ocorreu de imediato, somente em 1963 quando Zoraíde, já estava trabalhando na casa de Dona Rosina do Sr. Armando Veloso, no dia 20 de junho é que ocorre a celebração do matrimônio, na Igreja de Nossa Senhora do Ó e Conceição, cuja benção do Sacramento foi efetuado pelo Reverendíssimo Pe. Raimundo Nonato de Oliveira Marques. Teve como testemunhas, o Sr. Armando e Dona Rosina Veloso, Dona Dalva Lima Verde e se esposo João Calado.

A celebração, ocorreu no turno da manhã, estava marcada para as 10:00 hs, mas ocorreu um imprevisto, no mesmo dia do casamento, Dona Rosina Veloso, estava esperando visita em casa, uma senhora que vinha para ser madrinha de Crisma de sua filha Cleide, cujo Sacramento seria no dia seguinte, e Zoraíde, atrasou para chegar na Igreja, havia combinado com uma pessoa conhecida sua que morava nas Cacimbas para lhe ajudar  fazer o almoço na Casa de Dona Rosina, naquele dia por ser o dia que ia se casar e o Padre Marques era muito pontual nas horas. Acontece, que a pessoa das Cacimbas, por nome Maria, não compareceu, e Zoraíde, teve que fazer o almoço sozinha, o que levou Zoraíde, atrasar uma hora, mas mesmo assim, foi para Igreja.

Luís Carlos, seu noivo, já estava com os nervos a flor da pele, os convidados de igual forma, mas como o Senhor Armando e Dona Rosina, sabendo da sobrecarga de serviço que Zoraíde estava fazendo, conversaram com o Padre Marques e este foi sensível ao atraso gigantesco de Zoraíde; Quando de repente, alguém avisa, a noiva apontou na esquina da casa do Senhor Chimba, o noivo Luís Carlos, esfregou as mãos uma na outra, pegou o lenço do bolso da calça e enxugou o suor. Era Zoraíde, que se aproxima, vestida de noiva e o coração quase para sair pela boca, primeiro pela emoção do casamento, segundo pelo atraso e o que o Padre Marques, iria dizer, mas mais forte que tudo era o amor que sentia por Luís Carlos e sentia que Luís Carlos lhe correspondia.

Os convidados se aproximaram, o Padre Marques, os noivos iniciaram o ritual do casamento sob a condução e bênção Sacramental do Pe. Marques.

Após o casamento, todos se dirigiram para a casa do Virgílio, irmão de Luís Carlos, onde ocorreu um farto café com bolo para os convidados.

- A vida de casada, lhe deu oportunidade de viver e encarar a vida por outro ângulo, primeiro por ter escolhido um marido bom, trabalhador e amigo. As dificuldades surgiram, mas foram superadas, Zoraíde, que havia sido criada, trabalhando em afazeres domésticos, teve que enfrentar outros tipos de trabalho como o de raspar mandioca, nas farinhadas tanto no Sítio Veneza como no São Camilo, propriedade da Família Martins e como nas farinhadas o serviço já era dividido, cada trabalhadora ficava responsável por duas cargas de mandioca diariamente, Zoraíde, tinha a ajuda do esposo Luís Carlos e terminava cedo o serviço, inclusive do lavado de massa, para apurar a tapioca.

No período das margens, comparecia ao engenho (moenda), onde além de deliciar uma saborosa garapa, tirava alfinim e comia rapadura quente.

Muitas vezes, trabalhava na ceifa de legumes na região, uma certa vez, indo para a comunidade João Pires, tocando uma carga de jumento com um jogo de jacá, cheio de meninos, dois em cada jacá e um sentado no meio do cangalho, quando, iam se aproximando da casa do João Luzia, lá na ovelha morta, percebeu que vinha uns vaqueiros tocando uns bois valentes, alguns estavam encarretados, Zoraíde se aperreou com medo de ser atingida pelos bois, as crianças enquanto umas gritavam outros choravam de medo, o jumento emperrou como também estivesse com medo, logo era perto da casa do João Luzia, onde aparecia mamparra (não entendi essa palavra), quando um dos vaqueiros percebeu a luta dela, reconheceu que era Zoraíde e pediu que ela se acalmasse.

O vaqueiro era o “Ciço Ferrer”, que logo encontrou uma alternativa para Zoraíde e as crianças nos fossem atingidas pelos bois valentes. Zoraíde agradeceu e seguiu viagem rumo ao João Pires onde ia trabalhar na ceifa do arroz.

Zoraíde, é uma pessoa temente a Deus, é católica, segue os dogmas da Igreja e participa dos Festejos de Nossa Senhora do Ó, Divino, São Benedito, e Semana Santa, inclusive jejuando.

É devota de São Francisco do Canindé e de Santa Cruz dos Milagres. Embora só tenha ido uma vez, no Canindé, visitar a imagem de São Francisco, mas desde de 1972 que veste marrom, pagando uma promessa que fez com São Francisco e recebeu a graça. Lamento muito não ter ido ao Juazeiro, visitar o “Padim Ciço”, porque iam quando estavam no Canindé e ocorreu o fato de uma das romeiras, a Zefa Procópio, se desprendeu do grupo e se perdeu no Canindé. Foi luta para encontrar Zefa Procópio, todos os romeiros de Valença que haviam ido no pau-de-arara, ficaram preocupados, andaram, viraram e nada de Zefa, já foi preciso fazerem outras promessas com São Francisco para encontrarem Zefa, colocaram aviso no serviço de som da Igreja, no rádio, até que um Senhor vinha da Fazenda, estava ouvindo o rádio e pelas características era Zefa Procópio, já estava a mais de 5 Km da Igreja. O que dificultou mais encontrarem a Zefa, é porque quando ela encontrava as pessoas, avisava que estava “ariada” e quando as pessoas examinavam o endereço ela dizia: — Moro na Rua Padre Silva, perto do Loreto. O endereço era de Valença e as pessoas estavam era no Canindé. Este episódio deixou o povo preocupado, razão pela qual não foram a Juazeiro, mas Dona Zoraíde, ainda tem vontade de ir lá.

O casal, Luís Carlos e Zoraíde, neste ano de 2018, dia 20 de Junho fizeram 55 anos de união conjugal. Deste casamento nasceram 9 filhos: Francisco José, Ilauda Maria, Ivalda Maria, Maria Ivanilde, Evangelista, Francisca Maria, Francisco Flávio, Maria da Cruz, Francisco Ivanildo.

Uma das grandes alegrias de Zoraíde é ver a família criada, filhos, netos, bisnetos, tetranetos e também outra satisfação é ter criado os filhos do coração que são muitos. Todos eles preenchem as delícias de sua vida, cuja felicidade é poder ter a visita de todos que morou próximo e poder abençoa-los.

“Mãe Zoraíde” como é conhecida, foi uma das primeiras prestadoras de serviços da Granja Moreira, coisa que se ufana por ver o crescimento do empreendimento.

Atualmente, passa mais tempo no Sítio Santo Antônio, propriedade cuidada por seu esposo Luís Carlos, pós o São Camilo, às margens do Rio Tranqueira.

Zoraíde, mesmo com 78 anos de idade, ainda cuida dos afazeres domésticos e trata com muito amor de suas descendentes, principalmente Maria Clara, que é a mais nova da família.

Uma das coisas que Dona Zoraíde gosta é rezar, agradecendo a Deus pelos bons momentos que lhe foram destinados ao lado de sua família e ouvir o rádio, liga de manhã cedo quando acorda e só desliga quando vai dormir.

Dona Zoraíde, sua História de vida, lhe dá o direito de dizer que a Senhora é uma mulher forte, corajosa em síntese uma guerreira. É uma pessoa muito bem humorada, de dois em dois anos, quando vai exercer sua cidadania, na 71ª Seção da 18ª Zona Eleitoral, é uma festa quando os mesários, dizem: -- Dona Zoraíde Pereira da Silva, a pessoa que fecha a Folha de votação. Ela sorrir e demonstra muita satisfação pela brincadeira.

E como diz Serafim Leite, “....um caminho andado é sempre auxílio aos caminhos por andar. Conhecimentos adquiridos que ficam como base e arranque de conhecimentos novos...” Aqui foi apenas um pouco da História do Casal: Luiz Carlos e Zoraíde Silva, por ocasião do natalício de ambos ocorridos neste mês de junho de 2018.

Dona Zoraide, fez a transcendência em 19 de novembro de 2022. Seu corpo encontra-se repousando no Campo Santo São Benedito.

                                     Valença do Piauí, 23 de junho de 2018 -.(20/11/2023)

                                     Texto: Prof. Antonio Jose Mambenga

                                     Esp. (lato sensu) em História do Brasil e História Social da Cultura.                     

 

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quinta-feira, 16 de novembro de 2023

           O  Hino de Valença do Piauí, tem a Letra do Prof. João Gonçalves Ferreira(João Calado) e Musica de da Maestrina Heloisa Ferreira. Foi criado por ocasião do Bicentenário de Valença em 20 de setembro de 1962 e oficializado com a Lei 589 de 19 de setembro de 1985 na gestão do Prefeito Joaquim Matias Lima Verde

                                             Às margens do Rio Caatinguinha

                                             Cercada de mil matagais,

                                             Está Valença dos encantos,

                                             Altiva e forte e sem rivais,

                                                           Cidade onde o amor impera,

                                                            Vibrante como um campeão

                                                             A luta pelo progresso,

                                                             Com todo ardor no coração.


                                              Terra feliz!

                                               Terra dos canaviais

                                               Nas serras suas caças

                                               Nas matas, os carnaubais,


                                                                Terra de amor!

                                                                 Terra de emoção

                                                                  Do nobre Piauí

                                                                  Tu és o coração.



sexta-feira, 10 de novembro de 2023

 

                                                     BANDEIRA DE VALENÇA DO PIAUÍ

 


 

A História de um povo, é contada através dos fatos e acontecimentos que permeiam no cotidiano do próprio povo.  A medida que o tempo passa, a identidade histórica e cultural vai sendo construída, cuja solidificação requer, uma história,  tendo por base o patrimônio material e imaterial, bem como os símbolos que traduzam a caminhada e luta deste próprio povo.

 Em Valença do Piauí, não é diferente, temos o Hino Oficial,  a Bandeira e o Brasão, representando os símbolos municipais oficiais. 

A Hino com letra do Prof. João Gonçalves Ferreira(João Calado) e a música da Maestrina Heloisa Ferreira.

 A Bandeira, com desenho do Porf. Antonio Jose Pereira da Silva(Mambenga), Oficializada pela Lei Nº 548 de 05 de outubro de 1983.

Em de 1983, mês de maio,  na gestão municipal Sr. Joaquim Matias Lima Verde, o Sr Gregório Veloso, procurou o Prof. Antonio Jose, para desenhar, uma Bandeira para o município de Valença, porque, a cidade havia sido convidada para a Feira dos Municípios e um dos requisitos exigidos era  levar uma Bandeira para ser hasteada juntamente com as bandeiras das outras cidades participantes.

A solicitação foi atendida, o Prof. Antonio Jose, fez vários desenhos,  que foram para ser  observados e escolhidos  pela Câmara Municipal.

 O Desenho, foi escolhido e aprovado, que é este que representa nossa cidade. O Sr. Gregório Veloso, levou o desenho para Teresina, lá ele foi confeccionado em cetim, obedecendo o tamanho oficial e as gravuras e no dia 30 de outubro de 1983, ao som de uma Banda de Música, a Bandeira de Valença foi hasteada pela primeira vez ao lado das bandeiras dos outros município piauienses participante,  por ocasião da Feira dos Municípios, na Avenida Marechal Castelo Branco, em Teresina(PI) 

                                    DESCRIÇÃO DA BANDEIRA

01 – Tamanho retangular  100 X 130cm, fundo branco.

02 -  Fita verde/amarela na parte central, cada uma com 12cm de largura e comprimento de 130cm.

03 – Na parte central o mapa do Piauí,  na cor azul claro, representado as águas dos mananciais valencianos e uma estrela azul escuro, pontuando a cidade de Valença do Piauí, como pertencente a constelação piauiense.

04 - O mapa do Piauí, ladeado por um pé de cana-de-açucar, representando a riqueza do passado(lado esquerdo) e do lado direito, um pé de milho, como agricultura praticada e muito consumida pela comunidade na contemporaneidade.

05 – Uma haste marron, simbolizando um mastro, como sendo Valença – PI, um dos sustentáculos do Piauí .

06 – Uma fita azul claro, com a data  da criação da vila: 20 de setembro de 1762.

Obs: Desenho Prof. Historiador, Antonio Jose Pereira da Silva(Mambenga)