domingo, 17 de fevereiro de 2019


                             DOMINGOS FERREIRA – UM ANO DE ENCONTRO COM DEUS

        A  vida é um espaço que se percorre andando. Às vezes se torna grandioso, outras tão minúsculo que mal percebemos que somos capazes de acreditar na certeza do dever cumprido. Mas são estes momentos que evaporam ou elastecem para encontrar refúgio nos locais mais inesperados.
        A década de 1910 passava do meio. A famosa seca 1915 ainda permeava entre a memória das pessoas, mais pela forma negativa do que positiva pelas lembranças da dor e do sofrimento. Mas precisamos entender que nada é permanente, tudo se transforma.   
        Mesmo sem usufruir das quatro estações do ano, o calendário acusava o mês de setembro, um dos meses mais simpáticos do ano pelas comemorações que ocorrem, especificamente por ser o dia 16 o escolhido para vi o mundo a criança que na pia Batismal foi confirmado o nome de Domingos e no cartório o acréscimo de Ferreira.
        Foi neste clima de  primavera que no   povoado Papagaio,    hoje    Francinópolis, o
Casal, Manoel Ferreira e Margarida, no ano de 1919 recebiam o filho Domingos.
         A criança teve uma infância normal, típica das crianças de época ajudava os pais nos afazeres pertinentes à agricultura e similares seguindo os paradigmas que regiam o mundo que se encontrava em plena I Guerra Mundial nas nações européias, embora os ensinamentos familiares, as doutrinas religiosas serviram de base para viver e conviver com as outras crianças da própria comunidade.
         Como cristão, participava dos novenários do mês de maio, dos festejos de São Francisco de Francinópolis e de outras festividades típicas da circunvizinhança. Gostava de participar do Reisado, do Bumba-meu-boi, onde vestido de branco bailava interpretando a personagem da “burra” ou da “ema”. Tudo isso lhe fazia bem e aumentava o conceito de bom filho e amigo da população um servidor de Deus.
          Quando participava destas festividades e nos momentos de folga ajudava nos afazeres de casa preparando a festa, assando as leitoas, carneiros ou mesmo organizando as prendas para o leilão.
           Quando da passagem da Coluna Prestes, pelo Papagaio em 1926,  Domingos ficou muito receoso pelas histórias que ouvia falar, daí, não ter feito nenhuma objeção e seguir os conselhos de seu genitor e se refugiar longe da cidade.
            O tempo passou, Domingos, veio morar em Valença, onde montou uma pensão,  para receber estudantes que vinham para estudar no ginásio do Pe. Marques. Nesta mesma pensão, tinha o serviço de restaurante onde servia comidas típicas e convencionais o que fez o deleite da população pelas iguarias que preparava,  atendendo o paladar do mais simples ao mais sofisticado.
            O tempo passou, a idade avançou, surgiram os problemas de saúde, o que não foram empecilho para retirar o lado família, cuidando de seus sobrinhos que vinham para estudar ou mesmo para enfraquecer seu dom fraternal.
             Católico praticante, não faltava a missa aos domingos especificamente no turno da manhã. Era membro do Apostolado da oração e usando no bolso sua fita símbolo. Devoto de Nossa Senhora do Ó e São Benedito, Divino Espirito Santo onde recebia a imagem na sua residência anualmente. No período da Semana Santa, praticava o Jejum e abstinência de carne nas quarta e sexta-feiras da Quaresma. Anualmente participava da procissão de Bom Jesus dos Passos, conduzindo a lendária flor de “passos”, sendo que era um dos membros dos que conduziam Nossa Senhora das Dores, saindo da Igreja Matriz.
         No mês de maio, durante toda sua vida adulta, preparava em sua residência o altar dedicado a Nossa Senhora e durante todo mês rezava o terço. Era comum ter as “Santas convidada” para o altar, uma Nossa Senhora da Conceição em madeira da devoção do Senhor Chico Zeca.
          Um dos momentos bem sublimes de sua vida foi quando comemorou 80 anos. Convidou os familiares, amigos de Valença, Elesbão Veloso, Francinópolis, Aroazes e Teresina, para juntos confraternizem; A celebração religiosa, uma missa foi celebrada na Igreja matriz Nossa senhora do Ó, pelo Pe. Marques, seu grande amigo e a parte social, no CROVAPI club através de um farto jantar e musica ao vivo.
           Domingos, era muito família, seus sobrinhos considerava como filhos. Eles carinhosamente chamavam de “Padim” – Tudo era alegria, mantinha uma boa amizade com eles embora fosse muito severo para que não sofressem as consequencias do mundo  fora de casa.
          Maria da Cruz, Maria das Graças, Maria do Rosário, todos ele tinha um carinho especial porque eram os mimos de sua vida e o deleite de sua existência.
           No final da vida, foi morar em Elesbão Veloso, embora jamais tenha esquecido Valença e os bons momentos que aqui passou. E no dia 18/112012, faleceu, sendo sepultado lá mesmo em Elesbão Veloso, talvez contra sua vontade, porque amava Valença.
            Foi o homem, ficou a História, que  se perpetuou na Memória de cada um de seus familiares e amigos.

                                                    Valença do Piauí,  28 de novembro de 2013

TEXTO: Prof. Esp. Antonio Jose Mambenga

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