sábado, 16 de setembro de 2017

ARVORE DESNUDADA NA PRAÇA PEREIRA CALDAS, GANHA POEMA SOLIDÁRIO

JUAZEIRODA PRAÇA PEREIRA CALDAS – VALENÇA DO PIAUÍ

Sou Juazeiro, nasci no século vinte
Cresci, fiquei formoso e forte
Sou uma árvore de requinte
E atingi um grande porte
Desenvolvi em altura
Sou da flora um suporte
 Represento uma cultura
Desafiando a própria sorte


Meus galhos se estenderam
Alinhados e bem formais
Pequenos frutos nasceram
Para alimentar os animais
Ao entardecer fico perto
Da sinfonia que há
Deixando de bico aberto
A majestade o sabiá

Sou uma pequena atração
Na praça Pereira Caldas
Sou contra a devastação
Como nas tirinhas da Mafalda
O meu verde é poesia
Que defendo com ardor
A quem me pergunta todo dia
Ai Juazeiro, onde anda meu amor?


À minha sombra respiram
Os humanos do local
Estes, meu caule retiram
Para curarem seu mal
Mataram o tamarineiro
Devastaram o Caatinguinha
Não respeitam o Juazeiro
O que querem afinal?

Vejo aqui neste quadrado
A praça, a igreja, a ponte
Lendas que vem do passado
A rua, o olho d’água, a fonte
O rio, era de se admirar
A água corria na veia
Pois até a baleia
Veio aqui encalhar

Saiu dos mares profundos
Para aqui visitar
Encantou-se com este mundo
E não quis mais voltar
Pôs sua cauda em Aroazes
Firmou aqui sua crença
Sob a igreja vive em paz
A baleia em Valença

Observo os agressores
Que vivem na impunidade
Não entendo os malfeitores
Praticante da maldade
A quem com decência
Contribui com a humanidade
Está faltando consciência
Nos moradores da cidade

O tamarineiro morreu
Há uns anos atrás
Porém o que sofreu
Ninguém lembra mais
Teve frutos pra oferecer
A homem, mulher e criança
Viu Rosângela nascer
A filha da Preta Mão de Onça


Palmas para quem salvar
O nobre rio Caatinguinha
Depois de tanto penar
Que nem mais esperança tinha
Suas margens replantaram
Revitalizaram o seu leito
Só assim amenizaram
O mal que lhe haviam feito

Eu Juazeiro peço socorro
Habitantes da cidade
Me ajudem, se não morro
Por falta de humanidade
Uma árvore que chora
Clamando por liberdade
Esperando a qualquer hora
Um ato de piedade

Neste cenário de dor
Que quase não tem solução
Imploro por favor
Ao santo de devoção
Agora entendo a baleia
Esperta entrou em ação
Bebeu a água do rio
E fugiu da agressão


Só queria entender
A atitude de vocês
Vão me socorrer
Ou tenho que gritar outra vez?
Só quero aqui residir
Me reconstruir por inteiro
Agradeço a quem me ouvir
Falou o Juazeiro.

Autora: Professora Maria Francisca da Rocha

Docente da Unidade Escolar Oto Veloso e Unidade Escolar Joaquim Manoel, Valença do Piauí

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