sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

ZE DA CHICA, O CARNAVALESCO-MOR DE VALENÇA DO PIAUÍ


José de Arimateia, o conhecido "Zé da Chica", nasceu no dia 24/02/1930, em Valença do Piauí. Teve uma infância típica como as demais crianças da Rua do Maranhão, mesmo sendo morador do lado de cá do Rio Caatinguinha, espaço conhecido como Piauí. A juventude, não foi diferente, mesmo tendo ocorrido grande parte no período entre guerra. Zé da Chica, pontuou seu cotidiano entre o "ser e o querer" entremeado entre o difícil viver de um jovem que não possuía no registro civil uma paternidade. Todavia isso não foi empecilho para tornar-se uma referência na cidade e no meio social que frequentava, pois suas  genitoras, a biológica e a do coração, não mediam esforços para proporcionar o que havia de melhor dentro de suas limitações sócios e culturais de época uma vez que o período histórico social da cidade exigia um certo padrão para manter de pé os remanescentes da "Belle Epoque" ou mesmo a ascendência do pós guerra rumo aos "anos dourados" tão típicos da juventude de época, seja nos bailes do Cassino, Centro Social São Jose, do clube Sonho Azul, ou mesmo nos salões da antiga sede da Prefeitura, ou nos Salões da "Rural",
bailes que iam da primeira escala ou mesmo de segunda escala, sendo que Zé da Chica, tornou-se uma referência nos bailes carnavalescos, tanto que no período organizava blocos com ou sem fantasias para animar o reinado de momo em nossa cidade ou mesmo quando não encontrava seguidores saia fantasiado dele mesmo com uma lata de talco pelas principais ruas da cidade, animando e convidando foliões para entrarem na brincadeira. São muitas as lembranças deixadas por Zé da Chica, daí ser codinominado como benfeitor da cultura de Valença. Zé da Chica, era figura presente em todas as classes sociais da cidade, respeitado pelo fato de procurar "fazer o bem, sem observar a quem", o que lhe deu o direito de concorrer uma vaga no Legislativo, mesmo num período que não havia remunerção para execer a função.. Como agente de saúde pública, foi grande sua participação na aplicação de injeção em pessoas que necessitavam, tanto que já conduzia diariamente  no bolso da camisa o conhecido "estojo de aplicar injeção" para ser usado onde precisasse, ou mesmo na zona rural onde era um exímio frequentador. Foi grande incentivador das Bandas de músicas da cidade, sendo na aquisição e/ou na manutenção. Foi um grande apoiador do Conjunto os Magnos. Figura muito importante na criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Valença, como também para vinda das casas do Cojunto COHAB I e II. Na vida política, além da função de vereador, era animador de Comícios tão logo que se definia de que lado ia ficar, saia pelas ruas dirigindo um jeep e fazendo a locução nos sistema de amplificadora, bem como tinha facilidade na composição das paródias  tematizando cada partido ou candidato, dentre as que "a do pé de coco" e/o outras bem típicas de época . Foi funcionário do DNER. Casou-se com Dona Maria do Carmo (Maricas), de cujo consorcio nasceram 8 filhos e muito criterioso na escolha dos nomes que iam de personalidades da música a personalidades do mundo político, familiares ou mesmo os de sua devoção religiosa no caso da Espírito Santo e Maria de Fátima. Zé da Chica, foi também grande benfeitor da Confraria São Vicente de Paula. Um fato interessante foi com relação a sua religiosidade foi quando no início da dé cada de 60 quando de uma visita do saudoso Governador Chagas Rodrigues, que veio a Valença para inaugurar obras, no retorno para Teresina o avião perdeu a rota e de Teresina recebem um telegrama acusando que o avião não tinha chegado lá. Pensem! A preocupação foi tamanha,a história se espalhou como uma rastilho de pólvora pelos quatro cantos da cidade. Parte da população que ainda se encontrava comentando a visita do governador ou mesmo crianças que haviam ensaiado até cântico para saudar o Chefe do executivo se viram também agoniadas, quando de repente Zé da Chica, prosta-se de joelho em frente a Igreja São Benedito, voltando a visão para o lado oeste da cidade, ergue as mãos para o céu e suplica a São Vicente de Paula padroeiro de Novo Oriente para interceder junto ao Pai Celestial que não ocorresse nada com o Governador e nem com a tripulação e começou a rezar o terço juntamente com o aglomerado de pessoas que se encontravam também aflitas pelo ocorrido. De repente chega um mensageiro com a notícia que o avião havia perdido a rota e tinha aterrissado na cidade de Miguel Alves no norte do Estado. Quando recebida a notícia, Zé da Chica, suplica novamente aos céus e agradece a Deus e São Benedito e divulga a “promessa feita ao Santo” – Conduzir em caminhada de Valença a Novo Oriente a imagem de São Vicente. O Governador  cumpriu a promessa e ainda existe uma fotografia para testemunhar a chegada do Santo em Novo Oriente. Outros fatos de devoção também  ocorriam, sempre que podia visitava o Nicho de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro do Deserto, conforme fotografias que constam  no acervo museológico da Secretaria de Cultura. Sua transcendência ocorreu ontem dia 16 de março em Teresina. Seu corpo foi velado em sua residência na Rua Dep. Zé Nunes, a Celebração  de corpo presente na Igreja Matriz Nossa Senhora do Ó pelo Diácono Rogério. O cortejo saiu de sua residência acompanhado por familiares, parentes e amigos, como também pela Banda de Musica Municipal sob a batuta do Maestro Tenente Martinho Chaves, executando música fúnebres e hinos do Divino Espírito Santo, do qual era devoto. Feito a celebração, quando o cortejo seguiu para o Cemitério São Benedito, a mesma Banda executou "Marchinhas Carnavalescas" a pedido do próprio quando em vida. Foi o homem, ficou a História para eternizar na memória de cada um seu espaço terrestre! Valeu Zé da Chica! A cultura agradece!


Texto: Prof. Esp. Antonio Jose mambenga

            

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