DOMINGOS FERREIRA
– UM ANO DE ENCONTRO COM DEUS
A vida é um espaço que se
percorre andando. Às vezes se torna grandioso, outras tão minúsculo que mal
percebemos que somos capazes de acreditar na certeza do dever cumprido. Mas são
estes momentos que evaporam ou elastecem para encontrar refúgio nos locais mais
inesperados.
A
década de 1910 passava do meio. A famosa seca 1915 ainda permeava entre a
memória das pessoas, mais pela forma negativa do que positiva pelas lembranças
da dor e do sofrimento. Mas precisamos entender que nada é permanente, tudo se
transforma.
Mesmo sem usufruir das quatro estações do ano, o calendário acusava o
mês de setembro, um dos meses mais simpáticos do ano pelas comemorações que
ocorrem, especificamente por ser o dia 16 o escolhido para vi o mundo a criança
que na pia Batismal foi confirmado o nome de Domingos e no cartório o acréscimo
de Ferreira.
Foi neste clima de primavera que
no povoado Papagaio, hoje Francinópolis, o
Casal, Manoel Ferreira e Margarida, no ano de
1919 recebiam o filho Domingos.
A criança teve uma infância normal, típica das crianças de época ajudava
os pais nos afazeres pertinentes à agricultura e similares seguindo os
paradigmas que regiam o mundo que se encontrava em plena I Guerra Mundial nas
nações européias, embora os ensinamentos familiares, as doutrinas religiosas
serviram de base para viver e conviver com as outras crianças da própria
comunidade.
Como cristão, participava dos novenários do mês de maio, dos festejos de
São Francisco de Francinópolis e de outras festividades típicas da
circunvizinhança. Gostava de participar do Reisado, do Bumba-meu-boi, onde
vestido de branco bailava interpretando a personagem da “burra” ou da “ema”.
Tudo isso lhe fazia bem e aumentava o conceito de bom filho e amigo da
população um servidor de Deus.
Quando participava destas festividades e nos momentos de folga ajudava
nos afazeres de casa preparando a festa, assando as leitoas, carneiros ou mesmo
organizando as prendas para o leilão.
Quando da passagem da Coluna Prestes, pelo Papagaio em 1926, Domingos ficou muito receoso pelas histórias
que ouvia falar, daí, não ter feito nenhuma objeção e seguir os conselhos de
seu genitor e se refugiar longe da cidade.
O tempo passou, Domingos, veio morar em Valença, onde montou uma
pensão, para receber estudantes que
vinham para estudar no ginásio do Pe. Marques. Nesta mesma pensão, tinha o
serviço de restaurante onde servia comidas típicas e convencionais o que fez o
deleite da população pelas iguarias que preparava, atendendo o paladar do mais simples ao mais
sofisticado.
O tempo passou, a idade avançou, surgiram os problemas de saúde, o que
não foram empecilho para retirar o lado família, cuidando de seus sobrinhos que
vinham para estudar ou mesmo para enfraquecer seu dom fraternal.
Católico praticante, não faltava a missa aos domingos especificamente no
turno da manhã. Era membro do Apostolado da oração e usando no bolso sua fita
símbolo. Devoto de Nossa Senhora do Ó e São Benedito, Divino Espirito Santo
onde recebia a imagem na sua residência anualmente. No período da Semana Santa,
praticava o Jejum e abstinência de carne nas quarta e sexta-feiras da Quaresma.
Anualmente participava da procissão de Bom Jesus dos Passos, conduzindo a
lendária flor de “passos”, sendo que era um dos membros dos que conduziam Nossa
Senhora das Dores, saindo da Igreja Matriz.
No mês de maio, durante toda sua vida adulta, preparava em sua
residência o altar dedicado a Nossa Senhora e durante todo mês rezava o terço.
Era comum ter as “Santas convidada” para o altar, uma Nossa Senhora da
Conceição em madeira da devoção do Senhor Chico Zeca.
Um dos momentos bem sublimes de sua vida foi quando comemorou 80 anos.
Convidou os familiares, amigos de Valença, Elesbão Veloso, Francinópolis, Aroazes
e Teresina, para juntos confraternizem; A celebração religiosa, uma missa foi
celebrada na Igreja matriz Nossa senhora do Ó, pelo Pe. Marques, seu grande
amigo e a parte social, no CROVAPI club através de um farto jantar e musica ao
vivo.
Domingos, era muito família, seus sobrinhos considerava como filhos.
Eles carinhosamente chamavam de “Padim” – Tudo era alegria, mantinha uma boa
amizade com eles embora fosse muito severo para que não sofressem as
consequencias do mundo fora de casa.
Maria da Cruz, Maria das Graças, Maria do Rosário, todos ele tinha um
carinho especial porque eram os mimos de sua vida e o deleite de sua
existência.
No final da vida, foi morar em Elesbão Veloso, embora jamais tenha
esquecido Valença e os bons momentos que aqui passou. E no dia 18/112012,
faleceu, sendo sepultado lá mesmo em Elesbão Veloso, talvez contra sua vontade,
porque amava Valença.
Foi o homem, ficou a História, que se perpetuou na Memória de cada um de seus
familiares e amigos.
Valença do Piauí, 28 de novembro
de 2013
TEXTO: Prof. Esp. Antonio Jose Mambenga
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