Raimundo Nonato de Oliveira Marques, nasceu na
cidade de Barra de Marataoã, estado do Piauí, no dia 13 de fevereiro de 1916.
Filho de Olímpio Marques e de Maria Ester.
Teve uma infância adequada a seu tempo. Muito cedo ficou órfão de pai,
sendo sua vida dirigida por sua mãe Ester.
Estudou em escola domiciliar, bem como em escola pública e particular.
Suas lembranças de infância, não foram das melhores,
mas não tão diferente das demais crianças de época. Sua primeira professora,
foi Dona Alice Gabriel, de quem tem boas recordações dos ensinamentos e da
didática aplicada em sala de aula e das lições de vida aprendidas, da tabuada e
da palmatória utilizada quando necessária.
Muitas recordações, não lhe fugiram da memória, os ensinamentos dos
grandes professores, Dona Maria do Livramento e do Sr. Benedito Moura Santos, no primário e ginásio respectivamente.
Em 1934, entrou no Seminário em Teresina, estudando primeiramente no
Colégio Diocesano. De lá rumou para Fortaleza (CE) para prestar serviço militar
obrigatório na Escola de Bombeiros. Lá descobriu que sua vocação mesmo era a
religiosa. Daí, uma dedicação mais afinada na Teologia, como também no
conhecimento de outros idiomas, como Latim, francês e grego, além de música e
outras disciplinas afins do curriculum de época.
Em 8 de dezembro de 1940, na Igreja de Nossa Senhora das Dores em
Teresina sob as bênçãos de Deus e das mãos de Dom Severino Vieira de Melo,
recebeu os dons clericais.
Pe. Raimundo Nonato de Oliveira Marques, iniciou seus trabalhos
sacerdotais com a celebração de primeira missa na Igreja de Nossa Senhora dos
Remédios, na cidade de União, no dia 15 de dezembro de 1940, mas foi Picos quem
lhe ofereceu a primeira paróquia e dela fazia parte Jaicós e Paulistana. Em
seguida foi para Regeneração e de lá veio para Berlengas, atual Valença do
Piauí. A princípio, como vigário cooperador do Pe. Jose Gomes da Silva e posteriormente
seu substituto a partir de 10 de março de 1946.
Chegando em Valença, encontrou uma cidade bastante limitada em todos os
sentidos, uma vez que era bem aguçado o sistema do coronelismo, tão típico no
Brasil afora e bem cristalizado aqui no Nordeste. Todavia, a fragilidade maior
era no sistema educacional uma vez que só existia o conhecido curso primário no
Grupo Escolar Cônego Acylino e de forma bem tímida escolas particulares que
obedeciam o mesmo ciclo.
Como homem de visão acutíssima e deliberada preocupação com
a educação escolar, Pe. Marque, por intermédio do Pe. Jose de Jesus Moura
Madeira de Araujo Costa, conseguiu trazer seu irmão Antonio de Jesus Maria
Madeira de Araujo Costa, para Valença e com ele o Instituto Santo Antonio de
sua propriedade em Oeiras- PI. Daí, para a criação do Ginásio Santo Antonio
bastou a junção de Pe. Marques com o Ten. Antonio Félix de Melo, que era muito
amigo do Senador Joaquim Pires Ferreira, por quem foi dada a entrada da
documentação pedindo à Ministra da Educação e Saúde, Dona Lúcia Magalhães, o
funcionamento do Ginásio, cuja ordem chegou por telegrama no dia 19 de dezembro
de 1948.
Atrelado ao sistema educacional, criou também o Jardim de Infância Mãe
do Céu; a Escola para Alfabetização de adultos,
com o nome “Luz para a vida”; a Escola Normal Santo Antonio; e a Escola Técnica
de Comércio Santo Antonio.
Hoje Pe. Marques é reconhecido e aceito unaninamente como mentor
intelectual e espiritual e aclamado como o homem detentor da cultura, no qual
se realiza a plenitude da Educação e do ofício sacerdote no grande Território
do Vale do Sambito, do qual tem Valença como Cidade Mãe.
Conhecedor de cada palmo do chão da grande Valença( formada hoje por 14
cidades) percorrendo a cavalo nas suas
desobrigas, Pe. Marques trocava experiências e absorvia a cultura de cada
município por que passava e difundia sua missão eclesial, consciente de que
cumpria a determinação de Cristo citada pelo evangelista Mateus: “Ide e ensinai
a todas as criaturas”. Com a palavra, ensinou a ler, a ter fé, a preservar;
como exemplo, ensinou a se eternizar com a composição de hinos sacros, com a
declamação de poemas dedicados à Virgem Maria; com a coragem, ensinou o
desapego aos bens materiais para revertê-los em obras arquitetônicas como o Colégio Santo Antonio, a Praça do Milênio e a Capelhinha de São
Raimundo que o imortalizarão como grande benfeitor do progresso de Valença.
Em 13 de fevereiro de 2014, concelebrou com Pe. Klebert Viana, a missa
em ação de graças por seu 99 anos de existência,no final bem debilitado pelos
anos e pela saúde, faz os agradecimentos ao povo de Valença pela acolhida
durante todo sua existência e os convidou para o os 75 anos de
sacerdócio em 8 de dezembro de 2015 e centenário em 13 de fevereiro de 2016, (risos dele e da assembléia).
Hoje 8 de dezembro de
2015, Pe. Marque completa 75 anos de vida sacerdotal. Uma dádiva de Deus,
porque se tornou missão evangelizadora em cada canto do Território do Vale do
Sambito, daí se acreditar na certeza do dever cumprido. Durante todo este
período, Pe Marques “não conseguiu mudar o mundo, mas conseguiu fazer com
que as pessoas que lidaram com ele,
tivessem uma visão diferente do mundo”. Mesmo assim é como disse Lucien Febvre,
“A História é filha do seu tempo!” . Pe Marques. Evangelizou, educou e
trabalhou em prol desta cidade, contextualizado no seu
tempo.
Parabéns!
Valença do Piauí, 08 de dezembro de 2015.
Antonio Jose Mambenga
Prof. Esp. Em História do Brasil
Quero agradecer ao amigo blogueiro Antônio José Mambenga, por sua ética e real conhecimento dos fatos históricos que marcaram a educação em Valênça do Piaui, desde os ano 40 do século passado. Agradeço em nome da minha família, a justa inclusão do nome do meu saudoso pai, Antônio Felix de Melo, como co-fundador do Ginásio Santo Antônio. O tenente Antônio Felix também nasceu em Barras no dia 16 de abril de 1903, mais precisamente no povoado Batalha, hoje importante cidade da região norte do Piaui. Aproveito para abraçar a todos meus conterrãneos da querida e ibesquecível Valença do Piaui.
ResponderExcluirMuito grato, Zenóbio, a história de nossa cidade não pode ser contada sem a participação de homens ilustres, como Pe. Marques e Tenente Antonio Felix, que tão bem souberam conduzir os destinos de nossa terra, o primeiro, na mediação de fé entre "a cidade de Deus e a cidade dos homens", bem como na educação para desarnar a mente preparando para vida. Enquanto que o segundo, também teve uma participação plural, seja na condução da ordem e comando militar, foi também Prefeito da cidade, co-fundador do Ginásio Santo Antonio e Professor. Atualmente, é Patrono de uma da Cadeiras da Academia de Letras da Confederação Valenciana.Por tudo somos Gratos.
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