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FESTIVAL CULTURAL PIAUÍ – 2018
JUBILEU DE PEROLA
As manifestações juninas chegaram
ao Brasil através dos colonizadores. Aqui se aclimataram e a medida que o
território ia sendo desbravado, os hábitos e costumes atrelados as divindades
católicas do mês de junho: Santo Antônio, São João e São Pedro, foram acontecendo
e se cristalizando nas povoações recém criadas.
Os habitantes aqui existentes
quando da chagada deste povo distante e diferente foram absorvendo de forma
lenta, mas gradual a tradição européia.
No início, a única coisa que
coincidia era o fogo que já fazia parte dos rituais dos povos ameríndios existente por estas plagas
Somente em 1808, com e chegada da
família Real Portuguesa no Brasil, ocorreu a eclosão das danças juninas, tendo
por base os ritmos, cadência e coreografia da dança de salão praticadas pela
nobreza, sob a influência francesa.
Assim, surgiram, as quadrilhas
juninas, e foram se elastecendo chegando aos locais mais distantes do Brasil e
se adequando ás realidades locais, principalmente as pecuniárias, porque cada
povo tem seu estilo próprio de vida e de ver as coisas.
Em Valença, as manifestações
juninas ocorriam anualmente como festa da fertilidade, em sinal de
agradecimento as divindades pela boa colheita, cuja simbologia se resumia numa fogueira
em frente a casa, uma árvore fincada no chão e em frente da fogueira, ou mesmo num
mastro numa peça de madeira colhida entre as mais altas da redondeza
A fogueira, era acesa, ao
anoitecer pelo patriarca da família, na noite do dia 23 de junho. No momento
que a família se reunia em frente da
casa para referenciar o Santo de devoção em sinal de agradecimentos, momento
também que convidavam os vizinhos próximos, parente e amigos.
As crianças,
brincavam de roda, as meninas, enquanto os meninos, de outras brincadeiras,
como cavalo de talo de carnaúba, ou mesmo outras brincadeiras típicas da época.
Quando o braseiro começava, era
hora de assar carne, ou mesmo assar abóbora, batata, macaxeira, peixe, sob o
vapor da brasa ou do borralho.
Os jovens, aproveitavam o momento
para fazer as simpatias, tais como, olhar o reflexo sob a bacia com água, esta
muitos tenham medo, porque, caso não visse o rosto no reflexo da água da bacia,
não completava o ano sem fazer e transcendência. Colocar a cera da vela branca
para formar as letras do futuro cônjuge, colocar brasa da fogueira para saber
se quando casasse ,ficaria viúvo para os rapazes e viúva para moças, Eram duas
brasas cada uma tinha o nome e sexo, caso uma afundassem, a preocupação era
tamanha, as vezes estas práticas de simpatia até causavam retardamento no
casamento. Outras práticas era o do compadrio, crianças jovens e adultos, pegavam um “tição” da
fogueira e ali passavam fogo com temas dos mais simples aos mais exóticos e
complicados. O mais importante era o compromisso firmado e a forma como eram cumpridos.
Estas e outras práticas eram
utilizadas em Valença do Piauí. Embora dependendo da situação financeira de
cada família, contratavam sanfoneiros para animar a fogueira, ou mesmo
violeiros para as famosas cantorias, muitas vezes a família ficava até altas
horas dependendo da animação. As famílias mais carentes , utilizam latas para
produzir o som daí ter surgindo a famosa expressão Bate Lata
Em 1958, ocorreu na Rua do
Maranhão a primeira apresentação de uma quadrilha junina em Valença, com passos
marcados e coreografados, por ocasião de um festejo de São Benedito.
Para ensaiar os passos
coreografados veio um senhor da cidade de Picos - Piauí, o sanfoneiro, foi o
Sr. Jose Filho, vindo da Lagoa do Sitio, neste período, pertencente ao
município de Valença.
Os noivos foram Eutasio e
Etevalda Oliveira. Os dançarinos: Mestrim e Teresinha, Jesus do Miné, Maria
Joana, Mestre Dezinho, Nazareth e
Monteiro, e tantos outros jovens da cidade. A quadrilha junina
coreografada foi o divisor entre as manifestações culturais de época e o novo
modelo advindo de outras regiões.
A apresentação foi à grande
novidade na cidade o que levou apartir do ano seguinte ocorrer novas
apresentações e novos dançarinos ingressarem na nova dança junina da cidade.
Com isso vários grupos foram se formando e a cidade pegando gosto pela dança da
Quadrilha Junina, com isso o mês de junho em Valença tornou um outro aspecto
sócio histórico e cultural com as quadrilhas juninas.
As escolas, também realizavam
suas quadrilhas juninas, principalmente o Cônego Acelino sob a organização da
Professora Maria dos Prazeres, pós os meados da década de 1960 o grupo junino
saia em passeata, pelas ruas da cidade .As
crianças montadas em jumentos e outras caminhando, cujo trajeto era do Cônego
até o Loreto, onde ocorria a festa, cujo culminância era a apresentação da
quadrilha junina, com coreografias simples e passos também voltado para o
tradicionalismo.
Por volta de 1984, a cidade já
contava com vários grupos de quadrilha juninas individualizadas e sem um nome
que os identificassem o grupo era conhecido pelo o nome dos organizadores da
festa . Observando isso o Profª. Naildes Lima Verde, convidou o Prof. José
Dantas, para organizarem um Festival de Quadrilhas Juninas, para escolherem os
melhores grupos da cidade.
O local foi a quadra do Colégio Santo Antônio. Nos anos seguintes
novos grupos se formavam objetivando participar do Festival.
Em 1989, foi organizado o
Primeiro Festival de Quadrilhas Juninas de Valença do Piauí, pela Prefeitura
Municipal. Neste período o gestor era o Dr. Francisco de Assis Alcântara e a
Secretaria de Educação e Cultura e Professora Ineide Lima Verde.
A Profª. Ineide Lima Verde, teve
a iniciativa de organizar o Festival, num local mais amplo para atender o
público que gostava de ver e dançar quadrilha junina.
O espaço escolhido, foi a Praça
do Xerém, no centro da cidade. Para homenagear o local, a Profª. Ineide Lima
Verde, codinominou o espaço como “Arraial do Gorgulho”, porque lá aos sábados
ocorria a feira livre e o feijão era o produto mais encontrado e também por ser o pratico típico de grande parcela
das famílias valencianas . Com ou sem farinha, arroz, ou milho, o feijão faz
parte do cardápio do povo valenciano, mais se não for cuidado com zelo, ele
cria gorgulho, daí o nome do Festival, uma homenagem ao gorgulho inseto que dá
no feijão quando não é bem cuidado.
Para organizar o primeiro
Festival de Quadrilhas Juninas a Prof.ª. Ineide, Convidou para lhe assessorar,
a Prof.ª. Nereide Fernandes e o Prof. Antônio José Mambenga. E no dia 28 de
junho de 1989, ás 20h00min foi iniciada a festa com um grande público presente.
Participaram os grupos: Quadrilha Joaquim Manoel, Quadrilha Bela Flor,
Quadrilha Maravilha, Quadrilha Matutos da Noite, Quadrilha Renascer e do Zona
Rural: Quadrilha do Fumal, Quadrilha da Isidória. A campeã foi a Quadrilha Bela
Flor.
Nos primeiros anos era apenas no
sábado, foi ampliado para sexta e sábado, depois para sexta, sábado e domingo e
no período áureo acontecia a partir da quinta feira até o domingo. De 1989 ao
ano 2000funcionou na praça do Xérem . Em 2001 foi transferido para praça do Getulio Vargas, onde o nome Gorgulho foi
substituído por alegria. Em 2005, o no festival voltou ser Gorgulho em 2007.
Retornar para Praça do xerem. Em 2008, o festival subiu para praça do Novo Horizonte em 2013
para o Espaço Cultural do CSU. O nome Gorgulho continua pela subjetividade e a
forma de homenagear em espaço da feira livre onde a cultura popular se mantêm
viva através das vivencias do cotidiano. As quadrilhas Juninas em Valença, se
mantém, através da força de vontade dos grupos organizados, da Prefeitura
Municipal, que oferece toda infra-estrutura para o evento, através de
contratação de bandas, palco, som, iluminação, limpeza do espaço, decoração,
premiações, banheiros químicos, para que o evento continue sendo uma grande
referência na região do território do Vale do Sambito.
Neste ano de 2018, o Festival completou 30 anos de existência, ocasião que foi comemorado o seu Jubileu de Perola. Para marcar o natalício, vários grupos de Quadrilhas Juninas se apresentaram, tanto da cidade como grupos visitantes vindos de outras cidades, bem como apresentações culturais de danças folclóricas e para folclóricas. Completar 30 anos de existência um Festival Cultural de Quadrilha Juninas, é poder dizer que "a cultura
não é um substituto para vida e sim a chave para própria vida." porque não foi fácil, chegar a
trigésimo ano de apresentação, mas as dificuldades os erros, os acertos
serviram de base para entender que o povo é sim o grande protagonista da sua
própria cultura e o Festival funcionado como elo entre o querer e o fazer de
nossa gente na certeza que as Festas Juninas de Valença do Piauí, são
referências em todo região central do Piauí.
Valença do Piauí, 25/06/2018
Prof. Antônio José Mambenga
Especialista(lato Sensu) em
História do Brasil e História Social da Cultura
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