HISTÓRIA DA COMUNIDADE PAI PEDRO EM
VALENÇA DO PIAUÍ
A cidade de
Valença do Piauí, situada na Mesorregião Centro Norte Piauiense, no Território
do Vale do Sambito, possui uma área territorial de 1.033 km². É formada por uma
zona urbana e a zona rural constituída pelas
comunidades campesinas, dentre as quais uma por nome Pai Pedro,
localizada entre os povoados Isidória, Buritizal, Palmeirinha e Cumbe.
A boa localização
geográfica, formada por um solo fértil, onde os moradores cultivam, cana de açúcar,
arroz, milho, feijão e mandioca.
Vestígios
arqueológicos apontam a presença humana há cerca de 7 a 12 mil, conforme a arte
parietal existente em abrigos rochosos, próximos ao Arco da Igreja, morro
do Pereira e imediações.
Passado o
período Pré-histórico, a História pontua a existência de antigos moradores na
comunidade, atraídos pela existência de brejos, que favoreciam o plantio na
entre safra e a criação de gado.
Notícias
apontam que a comunidade funcionava como um corredor de passagem de
transeuntes, e caminhantes, que iam e vinham entre as comunidades
circunvizinhas, bem como mangaeiros, em
cujo labor tinham como parada obrigatória o local para compra ou mesmo, a comercialização de seus produtos.
Outros paravam, mais para descansar das longas jornadas.
Por volta de
1910, o Sr. Pedro Dias, oriundo da Ribeira de Picos-PI, atual cidade de Santana,
numa viagem de negócios para localidade Coroatá, atual cidade de Elesbão
Veloso-PI, hospedou-se na residência do seu irmão João Dias, que morava na comunidade
Brejo, atual Pai Pedro. A escolha foi feita pelos laços familiares, e tambem, para conversarem ou mesmo para repouso da cansada viagem. Quando isso
acontecia, era uma festa, primeiro por rever familiares, segundo pelas notícias
de familiares e outros temas afins. Neste dia foi diferente, a conversa entre
os dois e a família do Brejo se prolongou por muitas horas. Nem mesmo o canto
rouco da coruja, e o canto estridente do galo, foram suficientes para
anunciar que já passavam de meia noite.
Assuntos não
faltavam, uma história puxava outra, mas o Sr. João Dias, anunciou que ia se
recolher para dormir os demais membros da familia que ali estavam, seguiram o patriarca.
No romper
da aurora, o Sr. Pedro, levantou-se, fez suas orações matutinas e rumbeia com
destino a roça do brejo, onde pastavam seus animais. Seu irmão, João Dias, deu
notícia do levantar do hóspede irmão, pelo ranger da porta quando esta foi
aberta e também pelo latido consistente dos cachorros, anunciando sua saída
rumo a roça do brejo para buscar os animais.
O Sr. João Dias, não se preocupou, uma vez que, antes de dormirem, quando ainda conversavam na sala de frente, Pedro Dias, havia falado que na primeira barra do dia, ia buscar os animais e prepara-los para seguir viagem rumo ao Coroatá.
O Sr. João Dias, não se preocupou, uma vez que, antes de dormirem, quando ainda conversavam na sala de frente, Pedro Dias, havia falado que na primeira barra do dia, ia buscar os animais e prepara-los para seguir viagem rumo ao Coroatá.
A natureza já
dava conta que o dia já estava amanhecendo, pelo canto das casacas, dos coquis
e de tantas aves campesinas que saúdam o amanhecer. O Sr. João Dias e
familiares, já estavam de pé. Sua esposa nos preparativos do café da manhã,
naquele dia, seria um cardápio diferente, pois
sentaria a mesa com eles um
membro muito querido da família, Pedro Dias, o irmão mais velho.
As horas passavam, o Sr. João Dias, fitava o olhar para o caminho, e nem sinal de Pedro.
O irmão achava esquisito tanta demora. Não suportando mais, resolveu ir ao
encontro, chamou um de seus trabalhadores e seguiram para saber o que havia
acontecido. Para sua surpresa, ainda numa distância aproximada de uns 30
metros, bem na curva do caminho, onde existia uma antiga mangueira, Pedro Dias estava caído no chão,
como se estivesse tropeçado nas raízes expostas da antiga árvore. Pedro Dias,
já estava sem vida. Para seu irmão, foi uma surpresa tamanha. Trêmulo e sem
alento, pede ao trabalhador que havia lhe acompanhado para retornar até sua
residência e comunicar o ocorrido a esposa, aos demais familiares e vizinhos
próximos
O velório,
foi realizado na residência do Sr. João Dias e como não tinha como levar o
corpo para Santana, Pedro Dias, foi sepultado, na própria comunidade Brejo.
A notícia se
espalhou pela comunidade e circunvizinhança, porem seus familiares que residiam
em Santana, vieram apenas para visita de
sétimo dia, mas anualmente seus netos, vinham visitar sua cova. E como em vida,
chamavam o avô de Pai Pedro, quando se reuniam para planejar a viagem, era
comum dizerem: -- Vamos ao Brejo,
visitar a cova do Pai Pedro, ou mesmo quando chegavam, na residência do Sr.
João Dias, formulavam o mesmo convite: -- vamos visitar a cova do Pai Pedro ou
mesmo, os moradores sempre que tocavam no assunto, faziam alusão a cova do Pai
Pedro, seja quando visitavam também o campo santo, ou nas conversas sobre como
tinha ocorrido a transcendência do ancião. Assim, o nome Pai Pedro, foi se tornando
popular e referência para codinominar a
comunidade Brejo, cujo espaço, passou ser conhecido em toda região e em
documentos oficiais, como Pai Pedro.
A localidade,
possui uma beleza impar, formada por paisagem exuberante, um solo fértil,
um povo ordeiro e trabalhador, onde desenvolvem atividades agrícolas. Um
relevo, formado por vales, onde se localizam os brejos com um numero bastante
acentuado da palmeira buriti, bem como, muitas formações geológicas do estilo
cabeça, cujos contornos foram moldados ao longo do tempo através da erosão
eólica e pluvial, bem típicas da região central do Piauí, onde predomina o
relevo conhecido por “Cuestas do Centro”.
Nos grandes
paredões de pedras, são encontradas muitas formações que receberam nomes
populares como: Arco da Igreja, Pedra do Papagaio, Dedo de Deus, Pedra do
Vigilante, além de outras formações onde existem pinturas rupestres, dentre
elas, a Caverna do Cururu.
Outros grandes
atrativos, estão no Morro do Pereira, uma formação rochosa com mais de 30
metros de altura, onde existem vários
abrigos e um painel com varias pinturas rupestres na cor vermelha, conhecido
por Abrigo das Ovelhas, o Poço do Cágado, onde existe as nascentes do riacho
que corta o brejo.
O Morro do
Pereira, é cheio de mistérios e lendas, muitas delas com conotação do sobrenatural, onde o povo da ufologia acredita
ser um local propício para pouso de
disco voadores.
Atrativos é que
não faltam na comunidade Pai Pedro, a Pedra da Curva tem várias pinturas
rupestres, a Serra da Prata, conhecida por sua exuberância, bem como as lendas
e mistérios que povoam o imaginário popular, além de possuir reserva de
salitre, tanto que o Sr. Saló, grande artesão de foguetes e similares em
Valença, vinha pegar esta matéria prima para confeccionar fogos, bombas,
traques, e tantos outros artefatos. O pontal da Serra da Prata, servia de base
para pouso de helicópteros dos americanos, quando estiveram em Valença, nos
anos 1950, realizando pesquisas
geodésicas.
O patrimônio
material e imaterial da comunidade Pai Pedro, é bastante eclético. O primeiro
formado pelas construções de pedras e tijolos, como a casa do Sr Jose Cipriano
Barbosa, que existe há mais de um século, cujo mobiliário rústico,
confeccionado por artesãos anônimos, resistem ao tempo para servir de base para
se contar a História. São Baus, malas, camas cobertas de couro de boi, arados,
pilões, mesas, cadeiras, bancos, prensas, gamelas e oratórios dedicados
aos santos de devoções. Quanto ao patrimônio imaterial, as referencias estão atreladas ao Morro do
Pereira, a lenda do Galo no Arco da Igreja, e ao Gritador, as bolas e rodas de fogo que
aparecem nas noites escuras de verão.
A comunidade Pai
Pedro, destaca-se pela religiosidade desde os mais antigos moradores através
dos novenários dedicados aos Santos de devoção, dentre eles podemos citar o
festejo de São Sebastião, realizado por Dona Francisca Rosa de Sousa,
anualmente, no mês de janeiro, cuja devoção serviu de base para que esta
comunidade se mantivesse na fé.
Atualmente, a comunidade se ufana por ter,
oriundo dela um diácono permanente, Evandro Sousa, cujo trabalho tem
servido de referencia para outras comunidades de igual porte que se irmanam
para propagação e manutenção da fé.
Valença do Piauí, 28 de abril de 2018
Texto: Prof.
Antonio Jose Mambenga
Especialista em História do Brasil
Especialista em História do Brasil